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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Após criticar "elites", Lula se encontra com metalúrgicos, caminhoneiros e, hoje, operários
Lula direciona agenda e se volta para os trabalhadores
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o agravamento da crise
política, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva voltou a sua agenda a
eventos com trabalhadores, promovidos por antigos aliados.
Após ter dito na sexta-feira que
não abaixaria a cabeça para "as
elites", o presidente passou o fim
de semana em São Bernardo do
Campo, onde recebeu apoio entusiasmado de metalúrgicos, categoria que o lançou à carreira política nos anos 70, e caminhoneiros.
Na manhã de hoje, é a vez de Lula participar de um café da manhã
com cerca de 1.200 funcionários
de uma construtora em Brasília.
Ele visitará às 8h as obras de ampliação do aeroporto Juscelino
Kubitschek, na capital federal.
Ontem, na 10ª Festa dos Cegonheiros (transportadores de automóveis), Lula estava ao lado do
presidente do sindicato nacional
da categoria, Aliberto Alves, que
conhece há 30 anos. "Se precisar,
vamos à rua para ajudar", afirmou o sindicalista. "Se está aparecendo alguma coisa [corrupção] é
porque tem democracia", disse.
Em conversa com os jornalistas
após o presidente ter deixado o local, Alves disse que os caminhoneiros estarão com o governo
"em qualquer circunstância". "O
Lula está um pouco triste e chateado com o que está acontecendo. Mas também comentou que
não encobre corrupção, que tudo
tem de ser apurado", afirmou. A
entidade tem 1.200 associados e
não é ligada a centrais sindicais.
Anteontem, o presidente foi
protagonista da festa de posse da
nova diretoria do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, também
em São Bernardo do Campo, entidade que presidiu nas famosas
greves de 1978, 79 e 80. No evento,
José Lopez Feijóo, atual presidente da entidade, também prometeu
ir às ruas para defender Lula, e o
deputado Vicente Paulo da Silva,
o Vicentinho (PT-SP), repetiu o
presidente nas críticas à elite.
Reeleição
Lula foi breve ontem em seu discurso aos caminhoneiros. Ouviu
o apoio de Alves, tomou o microfone e falou rapidamente sobre as
realizações do governo.
Aproveitou -como tem feito
na maioria dos pronunciamentos- para criticar o antecessor, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Herdamos
mais de 38 mil km de estradas
praticamente intransitáveis", disse. "Fico me perguntando o que
era feito nesse país que nem manutenção de estradas era feita."
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, aproveitou o
clima favorável e, discursando ao
lado do presidente, chegou a prometer a conclusão de obras viárias
para os próximos três anos -o
país terá eleições presidenciais já
no ano que vem. "É claro que vamos levar algum tempo para corrigir a irresponsabilidade que foi
feita ao longo de tantos anos. A
expectativa -num estudo feito
pelo Banco Mundial e fazendo o
investimento que está se fazendo
pela primeira vez no país- é que
nós, em mais três anos, recuperaremos os 58 mil km das rodovias
federais", afirmou Nascimento.
Segundo o ministro, o governo
vai gastar neste ano R$ 6,5 bilhões
para a recuperação de rodovias.
Animado, Lula tentou descer da
área onde estava para abraçar o
público -3.000 pessoas, segundo
a Presidência, estavam na festa de
São Bernardo do Campo, realizada na Estância Alto da Serra.
Em meio à confusão causada
por quem tentava se aproximar, a
Folha questionou o presidente
sobre as ameaças de Marcos Valério de Souza -em entrevista anteontem, Valério afirmou que
"quem tiver motivos para preocupação pode ir se preocupando". O
presidente preferiu não responder. Chegou a se irritar por causa
do tumulto. Voltou para a área
onde estava e pediu desculpas,
porque "gostaria de abraçar cada
mulher, cada criança".
Colaborou LUCIANA CONSTANTINO,
da Sucursal de Brasília
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