São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2005

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Oposição quer convocar Gushiken para depor sobre fundos na CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados oposicionistas que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios disseram ontem que não existe "mais clima" para adiar os depoimentos dos ex-ministros Luiz Gushiken (Secom) e José Dirceu (Casa Civil).
"Defendo a convocação imediata dos dois", disse o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR). O parlamentar disse que, com o depoimento de Luiz Gushiken, os integrantes da CPI poderão ver a relação dos fundos de pensão com as empresas do publicitário Marcos Valério de Souza.
Em entrevista à Folha, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e ex-presidente do conselho deliberativo do Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, acusou Gushiken de ter exercido influência direta sobre o fundo por meio de seu presidente, Sérgio Rosa, e de controlar contratos de publicidade da estatal.
"O deputado José Dirceu, que estava morto, soltou uma nota acusando a imprensa de linchá-lo publicamente. O deputado deve parar de falar e ir à CPI para explicar a sua relação com o empresário Marcos Valério", disse o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
O deputado federal Eduardo Paes (PSDB-RJ) também defende a convocação dos dois petistas. "A cada dia surgem mais indícios do envolvimento assustador de Gushiken e José Dirceu com as denúncias de irregularidades que estamos apurando na CPI. Acho que até os próprios petistas estão cientes que precisamos convocá-los", declarou Paes.
Depois das denúncias apresentadas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Dirceu deixou a Casa Civil e voltou para a Câmara dos Deputados -o seu depoimento à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar está previsto para o próximo dia 2 de agosto. Luiz Gushiken também perdeu espaço no governo -deixou de ser ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica.

Fundos
O deputado federal Onyx Lorenzoni (PFL-RS) defende a dos sigilos dos fundos de pensão. Ele acredita que isso demonstrará que "não existiu empréstimo dos bancos Rural e BMG para o PT", como dizem alguns petistas e o empresário Marcos Valério. "Não tem empréstimo, o que houve foi um ajuste contábil para maquiar a entrada do dinheiro nos cofres do partido", declarou.
Para o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), a intenção dos parlamentares oposicionistas não passa de "jogo de cena". "Acho precipitadas [as convocações de José Dirceu e Luiz Gushiken]. Não é hora de dar espetáculo, é hora de confrontar dados, checar informações", disse o petista. No entanto, Cardozo disse que concorda com a quebra dos sigilos dos fundos de pensão.
(FERNANDA KRAKOVICS, LUIZ FRANCISCO E GILMAR PENTEADO)


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