São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Tudo perdido

Ao longo do dia, foi manchete no site do "Financial Times", submanchete nos sites de "New York Times" e "Washington Post", destaque global, inclusive Brasil e França: era a "suspensão", na visão otimista, ou o "colapso", para a maioria, da negociação comercial.
O editor de comércio do "FT" relatou que "o jogo de culpa abriu fila" mal acabou a reunião, "mas desde o início a rodada não respondeu à expectativa". Surgiu como "símbolo da solidariedade mundial" pós-11 de setembro e ontem, no dizer do "Guardian", "implodiu depois de um acesso da negociadora americana".
Além dos analistas, lamentavam o "fiasco" ONGs globais como ActionAid e Christian Aid. O negociador brasileiro Celso Amorim se dizia "triste" na BBC, mas sem querer "dar impressão de que tudo está perdido".

SOJA x FLORESTA 1
E tome comércio mundial. No "Guardian", "Gigantes dos alimentos devem boicotar a soja ilegal da Amazônia".
É uma ação do Greenpeace, que conseguiu dos "principais supermercados europeus" e "cadeias de fast-food, como McDonald's", a promessa de suspender a importação.
Além dos europeus, o jornal ouviu o padre Edilberto Sena, "um líder contra as fazendas de soja", para quem o acordo foi "um bom começo", mas é preciso agora "recuperar".

SOJA x FLORESTA 2
Na mesma linha, a agência AP distribuiu despacho de Santarém no fim de semana sobre a disputa em torno do porto aberto lá pela "gigante americana de grãos Cargill".
"Especializado em soja", ele estaria perto de ser fechado, num ambiente de conflito de fazendeiros e ambientalistas.

EM DISPUTA
Tem mais. Nos EUA, no "Washington Post", não sai do ar um debate entre lobistas pró e antibiocombustíveis.
Começou no artigo "A falsa esperança", dizendo que, "por razões ambientais, o etanol jamais substituirá a gasolina". Uma carta reagiu, cobrando importação do Brasil -e não a produção interna. Por fim, ontem no "WP" uma coluna se dedicou aos argumentos de Vinod Hosla, um bilionário entusiasta do pró-álcool local.

A CARTA MORAL
O primeiro artigo lançou argumento que foi usado por um representante da Shell, depois, à Reuters: o de que é "moralmente errado" retirar biocombustível de alimento.
Não tardou e o presidente da Petrobras atacou os países ricos, no "FT", por não apoiar tal alternativa de "segurança energética para o mundo".

PARA QUE LADO VAI

Google Video/Reprodução
 Murdoch na entrevista à TV americana, acessível pelo Google Video


Talvez o maior "magnata da mídia", Rupert Murdoch (Sky, DirecTV, Fox, "Times", "NY Post", MySpace etc.) deu entrevista à PBS, emissora pública dos EUA, e evitou apoiar candidatos, por enquanto. Fez elogios à democrata Hillary Clinton e ao republicano John McCain, este mais. Para a Grã-Bretanha, louvou o trabalhista Gordon Brown e o conservador David Cameron, este menos. Sorrindo, cobrou, antes da escolha final, mais diálogo com Brown.
A entrevista ecoou do "FT" ao prestigioso "Observer", que comentou, sobre o encontro anual da corporação, este ano com as participações de Tony Blair, Bill Clinton etc.:
- As decisões que Rupert Murdoch toma podem mudar a maneira como você lê, assiste, consome e, talvez, vota.

FOLHETIM
O "Daily Telegraph", de Londres, vê com ironia o país "perplexo" diante de Suzane:
- Num país onde novelas elaboradas, cheias de sexo e suspense, atraem milhões, o julgamento superou qualquer trama sonhada pelos autores brasileiros. O mais intrigante para os telespectadores foi a relação da rica e loira Von Richthofen com o mais pobre e mais escuro Cravinhos.

PRÉ-ESTRÉIA
A novela "Páginas da Vida" entrou pela política, com o blog da ativista Vange Leonel elogiando o pronunciamento "intuitivamente feminista":
- Se fosse uma loira de 20 e poucos anos, incomodava?
Já a coluna Ooops, no UOL, deu que a Globo viu antes e decidiu "manter e aproveitar a polêmica, três dias antes de a Record estrear a novela mais cara de sua história".
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@ - Nelson de Sá

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