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Entidades pedem a Lula veto a projeto que torna escritórios de advocacia invioláveis
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de dez entidades enviaram ontem ao governo federal uma nota pedindo que o
presidente Lula vete o projeto
de lei que torna os escritórios
de advogados invioláveis. A
proposta foi aprovada pelo Senado e já está na mesa do presidente à espera de sanção.
Pelo texto, os escritórios de
advocacia não poderão ser alvo
de mandados de busca e
apreensão expedidos por juízes
durante investigações criminais, salvo quando o próprio
advogado for o investigado pela
prática do crime. Nesse caso, os
mandados terão que ser específicos e cumpridos na presença
de representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Todo o material de trabalho
como, computadores e documentos, seriam invioláveis.
O presidente Lula ainda não
decidiu se sancionará ou não o
projeto. O texto chegou à Casa
Civil e há um prazo de 15 dias
para deliberações. Até ontem,
nenhum ministério havia enviado seu parecer sobre o texto
ao Planalto. Assessores do presidente admitem que a questão
deve suscitar polêmica.
Na nota, entidades como
Ajufe (Associação dos Juízes
Federais do Brasil), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e o Conamp (Associação Nacional dos Membros do
Ministério Público), alegam
que, se transformado em lei, o
crime ficará substancialmente
mais fácil, pois os criminosos
poderão fazer uso de escritórios de advocacia para esconder
provas dos seus crimes, tornando-os imunes à ação da polícia,
do Ministério Público e do Poder Judiciário. Não poderia ser
decretada, por exemplo, busca
e apreensão em escritório de
advocacia mesmo se surgissem
indícios veementes de que o local estaria sendo usado para
ocultar arma utilizada para a
prática de um homicídio.
O presidente da Ajufe, Fernando Mattos, alega que a lei é
inconstitucional, pois a inviolabilidade dos escritórios de advogados supera o resguardo
previsto pela Constituição para
a moradia do cidadão. "O projeto vai na contramão do que diz
a Constituição. Se pode haver
mandado para qualquer lugar,
por que para o escritório de advocacia não pode? O texto terá
um efeito para os maus advogados, não para os bons", disse.
Caso Lula sancione a lei, de
autoria do deputado Michel
Temer (PMDB-SP), as entidades estudam inclusive entrar
com uma Adin (ação direta de
inconstitucionalidade) no STF
(Supremo Tribunal Federal).
A OAB, responsável pelo
lobby para a aprovação do projeto no Congresso, discorda da
nota das entidades. Segundo o
presidente da OAB, Cezar Britto, a lei foi aprovada só para dar
mais clareza a já existente lei da
advocacia. "É um reforço democrático em face dos arroubos autoritários que começam
a produzir efeito nas atuais decisões equivocadas de algumas
autoridades brasileiras", disse.
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