|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líderes sem-terra levam multa de R$ 5,2 mi
Justiça Federal do Pará condenou coordenadores do MST e do MTM devido à invasão da Vale, em abril
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Três lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e do MTM
(Movimento dos Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração) foram condenadas pela
Justiça Federal em Marabá
(PA) a pagar, juntas, R$ 5,2 milhões por descumprirem uma
ordem judicial e invadirem em
abril a Estrada de Ferro Carajás, da Vale, no sudeste do Pará.
Luís Salomé de França e Raimundo Benigno, do MTM, e
Erival Carvalho, do MST, foram as únicas pessoas responsabilizadas pela invasão, que
lembrou os 12 anos do massacre de Eldorado do Carajás,
quando 19 sem-terra foram
mortos por policiais militares.
Eles recorrerão da sentença,
que também os condenou a pagar os danos sofridos pela empresa. Esse valor será calculado
posteriormente.
Ao entrarem na área da mineradora, impedindo o tráfego
de trens, os movimentos sociais
descumpriram um interdito
proibitório concedido pela Justiça. A proibição estabelecia
multa diária de R$ 3.000 para
cada uma das pessoas que a
descumprisse. Ela foi deferida
em decisão liminar, em fevereiro, pelo mesmo juiz que agora
condenou as três lideranças,
Carlos Henrique Haddad.
"Os fatos relatados pelo oficial de Justiça (...) noticiam a
reunião de pessoas, sob a liderança de Luís Salomé de França
e Erival Carvalho Martins, no
acampamento de onde partiu a
invasão à ferrovia, como também o comportamento fugidio
de Raimundo Benigno, que a
todo tempo era informado das
movimentações que antecederam a invasão, pelo telefone celular", diz o juiz na sentença.
Segundo José Batista, advogado da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e defensor das lideranças, elas não têm patrimônio, "não devem ter nem
conta em banco".
"A decisão tem amparo legal,
mas reflete um comportamento muito duro da Justiça em relação a qualquer movimento
que contrarie os interesses da
Vale aqui na região", afirmou o
advogado.
A Folha procurou a empresa,
que, por meio de sua assessoria, afirmou que não se pronunciaria sobre a decisão.
Texto Anterior: Lei não será "blindagem", diz ministro Próximo Texto: Frase Índice
|