São Paulo, Domingo, 25 de Julho de 1999
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Painel

Boi na linha 1



A versão de que Malan (Fazenda) não sabia do socorro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam ainda não convenceu a PF (Polícia Federal). Sem alarde, os federais ouviram recentemente Cláudio Mauch, ex-diretor do BC. Crêem estar fechando o cerco.

Boi na linha 2

Mauch disse à PF que estava jantando com Malan quando teve, em janeiro, a conversa com Chico Lopes (então presidente do BC) sobre o socorro ao Marka e ao FonteCindam. A polícia poderá chamar Lopes para perguntar como ele falou com Mauch sem que o ministro da Fazenda nada ouvisse.

Arrumando a casa

Clóvis Carvalho (Desenvolvimento) está entre dois nomes para a Secretaria de Comércio Exterior: Paulo Samico, que já passou pelo setor e foi demitido por Celso Lafer, e Rui Pereira, braço direito de Botafogo Gonçalves na Camex, o mais cotado.

Roteiro paulista

Está traçada a estratégia da pré-campanha de Ciro (PPS) a presidente em 2002. O ex-ministro viajará por todo o país, mas se concentrará em 72 cidades grandes e médias paulistas (24,4% do eleitorado nacional).

Casa da Mãe Joana

Antes de ser editada, o que deve ocorrer até o fim da semana, a medida provisória da Ford passará por um pente fino no Planalto. Quem viu o texto diz que há brechas jurídicas que permitiriam ao Nordeste virar uma grande zona franca.

Parece brincadeira

Definido: depois de peregrinar pela Secretaria de Política Econômica e pelo Ministério da Fazenda, o IBGE e o Ipea voltam ao Ministério de Orçamento e Gestão (antigo Planejamento). No período cigano, o IBGE perdeu até verba para o censo.

Sede estranha

Renan Calheiros não está magoado somente com FHC pela demissão do Ministério da Justiça. Acha que, apesar do discurso, o PMDB o deixou. A pasta tinha visibilidade política, mas pouco a oferecer aos caciques em termos de logística.

Adversários inquietos

Discreto quando estava na Casa Civil sob as asas de FHC, Clóvis Carvalho tenta mudar radicalmente o perfil. Está louco para aparecer. Sabe que no Desenvolvimento é alvo fácil.

O diálogo que abalou...

No dia 2 de julho, FHC ligou duas vezes para ACM. Tratou do caso Ford-Bahia. Em tom áspero, disse estar prestes a vetar os incentivos fiscais à montadora. "Resolvo isso hoje", falou o presidente. ACM respondeu que, daquela forma, teria dificuldade para apoiar o governo.

...um relacionamento

Na 2ª conversa, em tom civilizado, FHC prometeu solução, mas disse: ""Peça para o seu pessoal ficar em silêncio". O baiano entendeu que o recado era para ele e não se manifestou por 20 dias. O presidente aprovou renúncia fiscal de R$ 180 mi por ano, mas o pefelista não engoliu até hoje a mensagem dura.


Agente do dendê

Desde o início do mês ficou claro para ACM que haveria uma decisão a favor da ida da Ford para a Bahia. Uma pessoa que participava das reuniões em Brasília representava as posições do PFL baiano: Parente, que assumiu a Casa Civil.

Escolhendo os inimigos

Não é só a Everardo Maciel (Receita), ligado ao vice Marco Maciel, que ACM atribuiu parte da perda dos incentivos da Ford. Culpa também Amaury Bier, secretário-executivo de Malan. Mas o ministro da Fazenda está longe da ira baiana: a alternativa, crê, é pior para ele.

Toma que o filho é teu

Bornhausen (PFL), apontado como o autor da indicação de Pratini de Moraes para a Agricultura, espalha que o pai da nomeação é Delfim (PPB), correligionário do novo ministro.

TIROTEIO
De Ciro Gomes (PPS), sobre ACM ter usado a pobreza do Nordeste como argumento a fim de justificar os incentivos concedidos à Ford para ela se instalar em Camaçari (BA):
- Pura demagogia. A pobreza do Nordeste está concentrada no semi-árido, no sertão. E ele é contra o projeto que resolveria o problema: a transposição das águas do São Francisco.
CONTRAPONTO

Pé na cozinha


No caminho para Caracas após a reunião da Cimeira, no Rio, o presidente da Venezuela, Hugo Chavez, fez uma escala em Boa Vista (RR).
Durante a sua estada na capital de Roraima, almoçou com Neudo Campos (PPB) na sede do governo estadual.
Ao final, Chavez resolveu exercitar seu conhecido populismo:
- A comida estava maravilhosa. Tenho que parabenizar o cozinheiro.
Dito isso, rumou para a cozinha, onde cumprimentou os cinco cozinheiros responsáveis pela refeição.
Depois que Chavez foi embora, Neudo Campos encontrou os cozinheiros seduzidos pelo convidado. Um deles disse:
- O nosso presidente (FHC) almoçou aqui e não foi até a cozinha. Se eu pudesse, votava nele (Chavez).
Campos aquiesceu:
- FHC acaba de perder cinco votos. Entre um presidente que põe o pé na cozinha e outro que não põe a escolha é fácil!


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