São Paulo, Domingo, 25 de Julho de 1999
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RENÚNCIA FISCAL
Nova fábrica não afeta outras, diz Maciel
Presidente da Ford ataca "politicagem"


DAVID FRIEDLANDER
da Reportagem Local

Não tem sido fácil a vida do novo presidente da Ford do Brasil, Antonio Maciel Neto. Ele assumiu a empresa em 1º de julho, mesmo dia em que foi noticiada a aprovação, pelo Congresso, da prorrogação do regime automotivo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
De lá para cá, a Ford e o governo federal vêm sendo muito criticados por causa dos subsídios que a montadora terá para se instalar na Bahia (cerca de R$ 180 milhões por ano).
O pior momento aconteceu nesta semana, quando a Folha revelou que a empresa pretende fechar sua fábrica de caminhões e comerciais leves no Ipiranga (zona sudeste de São Paulo).
"O que está havendo é muita politicagem", diz Maciel, que deu a seguinte entrevista à Folha:

Folha - A fábrica do Ipiranga será fechada por causa do novo projeto na Bahia?
Antonio Maciel Neto -
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A fábrica da Bahia será de automóveis, e a do Ipiranga é de caminhões e picapes. Essa idéia só pode ter aparecido por motivação política. Estão utilizando a fábrica do Ipiranga para confundir a opinião pública e assim bombardear o nosso projeto na Bahia.

Folha - Quem teria interesse nisso?
Maciel -
Posso dizer que são aqueles que não querem que a Ford se desenvolva no Nordeste e os que não querem outro novo pólo automotivo no Brasil.

Folha - Mas há um estudo para acabar com a fábrica do Ipiranga?
Maciel -
Sim, mas isso já tem um ano e não tem nada a ver com a Bahia. É que possivelmente não vale mais a pena ficar numa área apertada, dentro da cidade e com todos os problemas que isso traz, como é o Ipiranga, tendo espaço sobrando e capacidade ociosa em São Bernardo do Campo. Ainda não está decidido, mas é muito grande a possibilidade de que essa mudança seja feita. É preciso entender que a Ford está iniciando um projeto de reestruturação -desde 1995 a empresa só dá prejuízo e por isso precisa mudar. De qualquer forma, a produção de caminhões e picapes ficará no Estado de São Paulo.

Folha - A Ford vai demitir funcionários?
Maciel -
Não sabemos ainda, mas garantia no emprego não existe para ninguém em nenhuma empresa, e não apenas na Ford. Hoje, temos 1.500 funcionários remunerados que ficam em casa porque o mercado está fraco.

Folha - Especula-se que toda a produção de carros da Ford pode ser transferida para a Bahia.
Maciel -
De jeito nenhum. De 1995 até agora, a Ford já investiu US$ 2,5 bilhões nas suas unidades de São Paulo. Até o fim deste ano estaremos investindo outros US$ 500 milhões. Só um louco iria jogar fora todo esse investimento.


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