Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RENÚNCIA FISCAL
Nova fábrica não afeta outras, diz Maciel
Presidente da Ford
ataca "politicagem"
DAVID FRIEDLANDER
da Reportagem Local
Não tem sido fácil a vida do novo presidente da Ford do Brasil,
Antonio Maciel Neto. Ele assumiu a empresa em 1º de julho,
mesmo dia em que foi noticiada a
aprovação, pelo Congresso, da
prorrogação do regime automotivo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
De lá para cá, a Ford e o governo
federal vêm sendo muito criticados por causa dos subsídios que a
montadora terá para se instalar
na Bahia (cerca de R$ 180 milhões
por ano).
O pior momento aconteceu
nesta semana, quando a Folha revelou que a empresa pretende fechar sua fábrica de caminhões e
comerciais leves no Ipiranga (zona sudeste de São Paulo).
"O que está havendo é muita
politicagem", diz Maciel, que deu
a seguinte entrevista à Folha:
Folha - A fábrica do Ipiranga
será fechada por causa do novo
projeto na Bahia?
Antonio Maciel Neto - Uma
coisa não tem nada a ver com a
outra. A fábrica da Bahia será de
automóveis, e a do Ipiranga é de
caminhões e picapes. Essa idéia só
pode ter aparecido por motivação
política. Estão utilizando a fábrica
do Ipiranga para confundir a opinião pública e assim bombardear
o nosso projeto na Bahia.
Folha - Quem teria interesse
nisso?
Maciel - Posso dizer que são
aqueles que não querem que a
Ford se desenvolva no Nordeste e
os que não querem outro novo
pólo automotivo no Brasil.
Folha - Mas há um estudo para
acabar com a fábrica do Ipiranga?
Maciel - Sim, mas isso já tem
um ano e não tem nada a ver com
a Bahia. É que possivelmente não
vale mais a pena ficar numa área
apertada, dentro da cidade e com
todos os problemas que isso traz,
como é o Ipiranga, tendo espaço
sobrando e capacidade ociosa em
São Bernardo do Campo. Ainda
não está decidido, mas é muito
grande a possibilidade de que essa
mudança seja feita. É preciso entender que a Ford está iniciando
um projeto de reestruturação
-desde 1995 a empresa só dá
prejuízo e por isso precisa mudar.
De qualquer forma, a produção
de caminhões e picapes ficará no
Estado de São Paulo.
Folha - A Ford vai demitir funcionários?
Maciel - Não sabemos ainda,
mas garantia no emprego não
existe para ninguém em nenhuma empresa, e não apenas na
Ford. Hoje, temos 1.500 funcionários remunerados que ficam em
casa porque o mercado está fraco.
Folha - Especula-se que toda a
produção de carros da Ford pode ser transferida para a Bahia.
Maciel - De jeito nenhum. De
1995 até agora, a Ford já investiu
US$ 2,5 bilhões nas suas unidades
de São Paulo. Até o fim deste ano
estaremos investindo outros US$
500 milhões. Só um louco iria jogar fora todo esse investimento.
Texto Anterior: Paraná: Lerner pede apoio para "brasiguaios" Próximo Texto: Miséria nos pampas: Sul gaúcho tem IDH semelhante ao NE Índice
|