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AMAZÔNIA
Contrato de funcionários que prestavam serviço em Boa Vista e Manaus foi cancelado pelo governo
Piora atendimento médico a índios
ARI CIPOLA
da Agência Folha
Os 30 mil índios ianomâmis e de
outras tribos de Roraima e Amazonas estão desde o início deste
mês com o atendimento de saúde
prejudicado, afirma a Associação
dos Trabalhadores na Saúde Indígena de Roraima.
O governo não renovou o contrato de 118 filiados à associação,
que trabalhavam havia seis anos
com os índios da região e desde o
dia 1º deveriam deixar as reservas.
Eles tinham contratos com a FNS
(Fundação Nacional de Saúde).
Cerca de 30% do atendimento
médico nos ambulatórios das Casas do Índio de Boa Vista (RR) e
Manaus (AM) era realizado por
funcionários que tiveram seus
contratos cancelados.
O presidente da associação, Mateus Gomes da Silva, 36, disse que
o governo está "privatizando e internacionalizando" o atendimento à saúde dos índios ao transferir
os serviços nas aldeias para ONGs
(organizações não-governamentais), a maioria estrangeiras.
"Hoje trabalhamos com as
ONGs em um sistema misto. Não
somos contra elas", afirma.
"O que é inconstitucional é o
governo transferir todo o atendimento e controle para essas entidades. No sistema misto, um fiscaliza o outro."
Silva afirma que a situação dos
funcionários temporários que
trabalham com a área indígena é
diferente da que ocorre, atualmente, no Rio de Janeiro.
"As demissões no Rio vão ocorrer porque o programa de controle e combate à dengue no Estado
está sendo transferido para os
municípios."
Segundo o presidente da associação, "o governo planeja passar
o atendimento para as ONGs,
mas não tem substitutos imediatos." Cada grupo de cinco temporários foi trocado por um funcionário efetivo, afirma Silva. "É uma
situação de abandono e descaso
com a população indígena."
A situação preocupa o coordenador da FNS de Roraima, Hiran
Manuel Gonçalves da Silva.
No último dia 21, ele enviou um
ofício a Ubiratan Pedrosa Moreira, diretor da FNS, no qual pede
pressa em uma solução.
"Apesar dos esforços dessa Regional junto à Presidência da República, até o momento não obtivemos resposta. Os servidores estão preocupados. O atendimento
às populações indígenas não pode
ser interrompido, afinal estamos
lidando com vidas humanas
(sic)", afirma o ofício.
O presidente da FNS, Mauro Costa, afirmou, por meio de sua assessoria, que não haverá prejuízo
à saúde indígena com a demissão
dos servidores temporários nos
Estados de Roraima e Amazonas.
Segundo ele, o governo escalou
funcionários concursados para
suprir as "supostas lacunas" que
possam surgir no atendimento.
Costa afirmou ainda que deverá
ser editada medida provisória
passando toda a responsabilidade
sobre os serviços de saúde indígena no país para a FNS.
Atualmente, o serviço é dividido entre a FNS e a Funai (Fundação Nacional do Índio).
Segundo a FNS, serão criados 33
distritos sanitários especiais, espalhados em todas as regiões brasileiras, para tratar exclusivamente dos índios com recursos do
SUS (Sistema Único de Saúde).
Por meio desses distritos, o Ministério da Saúde promete investir, até 2002, cerca de R$ 312 milhões no atendimento médico aos
indígenas, ampliando para 4.000
o número de agentes de saúde.
"As ONGs são parceiras importantes", afirmou Costa, segundo
sua assessoria.
Para ele, não há o risco de ocorrer a internacionalização ou privatização dos serviços de saúde, já
que a FNS vai controlar todos os
dados.
Colaborou Kamila Fernandes,
da Agência Folha
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