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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Candidato, que movimentou US$ 1,78 milhão em cassinos nos EUA, diz que país precisa criar jogo para que o rico perca dinheiro aqui
Maluf nega jogar, mas defende cassino legalizado no Brasil
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP)
defendeu ontem a legalização de
cassinos no Brasil. Apesar de afirmar não ser adepto do jogo, o serviço de alfândega dos Estados
Unidos informou a autoridades
brasileiras que o ex-prefeito movimentou cerca de US$ 1,78 milhão de dólares em cassinos.
"Em São Paulo tem todo o tipo
de jogo para o pobre perder dinheiro: Sena, Quina, loteria esportiva e bingo. Em todos os países do mundo tem também o jogo
para quem é rico e quer perder dinheiro. Então, para que ele não
precise ir para Mar del Plata [Argentina] nem para os EUA nem
para a Europa, que perca o dinheiro no Brasil", disse Maluf,
candidato a prefeito de São Paulo.
Ontem, a Folha revelou documento enviado pelos EUA que
credita a "Paulo Salim Maluf" a
compra de fichas ou o resgate de
créditos no valor total de US$ 1,78
milhão (atualizado) em cassinos.
A compra de fichas não significa
que o jogador aposte o valor empenhado. Ele pode comprar fichas e deixar o dinheiro para créditos futuros. Esse valor poderá
ser resgatado no mesmo cassino
ou em cassinos interligados, em
qualquer parte do mundo.
Em outro documento, desta vez
encaminhado à CPI do Banestado, a Promotora nova-iorquina
registrou um depósito de US$ 406
mil em nome de Maluf. A origem
do dinheiro, segundo o órgão, é
uma praça de cassinos de Monte
Carlo, principado de Mônaco.
"Eu não jogo", disse Maluf .
"Em véspera de campanha eleitoral vale tudo. O que estranho é
que uma mentira de 1987 venha à
tona um mês antes da eleição
2004", disse Maluf.
A primeira operação registrada
pela alfândega dos EUA é de 1987.
Outras 22 movimentações em
cassinos foram computadas em
ano não-seqüenciais (1988, 1991,
1997, 2000 e 2001) -os períodos
coincidem com viagens feitas por
Maluf ao exterior.
Para o candidato, se os cassinos
fossem legalizados, 50% dos lucros obtidos pela casa de jogos
poderiam ser investidos em universidades e na saúde pública.
"Essa é uma das maneiras de arrumar recurso para os pobres não
morarem na rua nem serem assassinados na rua", disse.
A discussão sobre a legalização
dos cassinos não passa pela atribuição do município. Depende do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Congresso Nacional, já
que o jogo de azar é proibido no
país desde 1946 por determinação
do então presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951).
Se eleito, Maluf disse que irá
apresentar seus argumentos para
a bancada federal do PP.
"Eu não tenho força para mudar
a lei. Quem tem essa força é o
Congresso. Mas acho que eu tenho o direito de não ser censurado", afirmou o candidato.
Questionado sobre a possibilidade de os cassinos serem usados
para lavagem de dinheiro, o ex-prefeito defendeu uma fiscalização por parte do governo.
Desencontros
Conhecido pela pontualidade
em atos de campanha, Maluf surpreendeu ontem cerca de 40 empresários da Abrigraf (Associação
Brasileira da Indústria Gráfica) ao
cancelar, com cerca de uma hora
de atraso, um café da manhã que
havia agendado com o grupo.
O candidato alegou compromissos inadiáveis: gravação para
o programa eleitoral de TV, que
irá ao ar hoje à noite, e reunião
com o partido para discutir propostas viárias para a cidade.
Maluf voltou a criticar a prefeita
Marta Suplicy (PT), que, segundo
ele, cumpriu apenas 20% das propostas feitas por ela na campanha
municipal de 2000 -no programa de TV do PT, ela diz ter cumprido 95%. "Marta falou de criar
hotéis de R$ 1 para o morador de
rua e mentiu. Vocês jornalistas falam mentiras de mim, mas não falam das mentiras que ela contou",
disse Maluf. A assessoria de Marta
disse que ela não comenta.
Colaborou KATIA CALSAVARA, da Redação
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