São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Baltazar é amigo e ex-segurança do presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O delegado Francisco Baltazar da Silva, 52, não deixava ninguém esquecer que estava no cargo por escolha pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem coordenou a segurança em quatro eleições presidenciais. Em entrevistas, dizia-se "fã" do petista, que nunca desmentiu publicamente a amizade dos dois.
O presidente e o delegado tornaram-se próximos em 1989, quando Baltazar foi escolhido para cuidar da segurança do então candidato. Embora conhecido, Lula não era o favorito naquelas primeiras eleições presidenciais depois do regime militar (1964-1985). Na eleição seguinte, em 1994, foi Lula quem escolheu Baltazar. A amizade ficaria mais forte em 1998 e em 2002.
Casado, pai de dois filhos, Baltazar agüentou o quanto pôde a pressão para que deixasse o cargo em São Paulo, no seu entender apenas um degrau antes da direção nacional da Polícia Federal.
Antes de ocupar a superintendência, trabalhou na delegacia de Entorpecentes de São Paulo, onde julgava ter atingido o ápice na carreira. Aposentou-se e foi convidado por Lula para um cargo de importância na PF. Pediu a direção geral, mas o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) já havia optado por Paulo Lacerda.
Baltazar aceitou ser superintendente de São Paulo imaginando que o cargo era provisório e que chegaria à direção geral. Porém, enquanto Lacerda se fortalecia com as megaoperações, Baltazar perdia apoio devido a suspeitas de envolvimento de seus subordinados com o crime organizado.
A exoneração impediu que Baltazar regularizasse a venda de contrabando no centro de São Paulo, o que, para ele, era um trabalho social. Segundo ele, a ação do contrabandista Law Kim Chong não era caso de polícia.
A prisão de Chong pela PF foi o estopim para que Baltazar passasse a defender com mais afinco a idéia de que chineses que vendem no país produtos pirateados e contrabandeados não deveriam ir para cadeia, mas receber amparo social do governo.
Em julho, disse à Folha que se sentia "confortável" no cargo e que nele permaneceria enquanto Lacerda quisesse.


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