DA REPORTAGEM LOCAL

O arquiteto Oscar Niemeyer conclamou ontem em São Paulo os brasileiros a "ajudar o presidente Lula e seus companheiros nesta luta para unir a América Latina". Em evento no Memorial da América Latina, projetado por ele, Niemeyer afirmou que "os povos da América Latina têm de se defender dessa campanha maldita do Bush".
O arquiteto de 96 anos viajou a São Paulo para receber o título de cidadão paulistano, concedido a pedido do vereador Nabil Bonduki (PT), candidato à reeleição. A entrega ocorreu no memorial, que estava lotado, principalmente de estudantes de arquitetura. Participaram também a prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e entidades de arquitetura.
Depois de ser apresentado como "o maior arquiteto vivo do mundo", Niemeyer disse não merecer "tanta cerimônia". Essa foi uma das várias vezes em que o arquiteto foi ovacionado.
"Estou contente de receber esse título, embora saibamos que somos todos irmãos e todos brasileiros, todos confiantes em um Brasil que deve melhorar. Temos de defendê-lo, porque hoje a palavra patriotismo já não é tão desprezada. Hoje é importante ser patriota, é importante ajudar o presidente Lula e seus companheiros nesta luta para unir a América Latina. E os povos da América Latina têm de se defender dessa campanha maldita do Bush", discursou.
Comunista histórico, Niemeyer foi um dos que assinaram manifesto de intelectuais brasileiros em defesa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que venceu plebiscito sobre sua permanência no poder.
Depois do evento, o arquiteto visitou as obras do auditório do Ibirapuera, que fazia parte do projeto inicial do parque.
Niemeyer declarou apoio à reeleição de Marta. "Acho que ela fez tanta coisa, tem tanto entusiasmo pelo trabalho dela, que seria realmente uma solução muito boa para São Paulo."

Copan e memória
Ao falar de sua história profissional e de seus antigos projetos, o arquiteto lembrou o publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira. "Eu vim aqui mais jovem, trazido pelo meu amigo...". "Ciccilo [Matarazzo]", perguntou Marta. "Não, não foi o Ciccilo, foi o da Folha de S.Paulo, o Frias. Ele me trouxe para o primeiro projeto que eu fiz, que foi o Copan", completou Niemeyer. Frias foi o incorporador do Copan, concluído em 1951.


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