São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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DIPLOMACIA

Presidente Lucio Gutiérrez cancela visita de Lula à Prefeitura de Quito

Viagem causa polêmica no Equador

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A QUITO

Num momento em que o presidente do Equador, Lucio Gutiérrez, perdeu o apoio dos movimentos sociais que o levaram ao poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao país para anunciar a ampliação de investimentos brasileiros no local. A visita de Lula chegou a causar polêmica entre políticos locais.
Lula, que desembarcaria no final da tarde de ontem em Quito, fará o papel de "garoto-propaganda" de empresas brasileiras que querem investir no Equador. Além de sua visita ao país ter um cunho político, ao dar prestígio a Gutiérrez, o presidente anunciará investimentos brasileiros no país, que podem ultrapassar US$ 300 milhões. De concreto, a construção da hidrelétrica de São Francisco, maior projeto de infra-estrutura no Equador e um dos maiores do Brasil na América do Sul. A parte brasileira, financiada pelo BNDES, é de US$ 249 milhões.
Na segunda visita ao país (a primeira foi na posse de Gutiérrez em janeiro de 2003), Lula anunciará acordos nas áreas de energia, saúde e comunicações.
A baixa popularidade de Gutiérrez acabou criando uma saia justa durante os preparativos para a visita. Gutiérrez está rompido com o prefeito de Quito, Antonio Ricaurte, do partido de esquerda Pachakutik, que apoiou sua eleição à Presidência.
A visita à prefeitura de Quito, que estava prevista para hoje, foi desmarcada. Lula receberia no local a chave da cidade. Segundo Ricaurte, a decisão veio do presidente Gutiérrez. A Embaixada brasileira disse apenas que a visita não havia sido confirmada.
Como Gutiérrez foi eleito por um partido pequeno, o PSP (Partido Sociedade Patriótica), teve de buscar alianças com legendas não-alinhadas ao seu plano de governo, o que levou ao rompimento de seus antigos apoiadores.
A Petrobras deve firmar acordo de assistência técnica com a Petroequador, estatal que passa por processo de reorganização. A empresa brasileira detém a concessão de dois poços de petróleo no país. Empresas brasileiras também têm interesse na construção de dois aeroportos no país.
O Equador mantém uma relação comercial deficitária com o Brasil: em 2003, exportou US$ 19 milhões e importou US$ 350 milhões em produtos brasileiros. No primeiro semestre de 2004, o quadro mudou um pouco: o Equador exportou para o Brasil US$ 42,9 milhões (70% em petróleo).


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