São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIPLOMACIA DA CRISE

Em documento com cinco signatários, governo diz que povo pode ter "tranqüilidade" com "pleno funcionamento" das instituições

Três Poderes assinam carta à sociedade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em documento conjunto assinado ontem depois de encontro no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmaram que, diante da atual crise política, a população brasileira pode ficar tranqüila com o "pleno funcionamento" das instituições do país.
"Por fim, [os cinco signatários] desejaram transmitir à sociedade, em um momento em que uma profusão de acusações vêm a público, a tranqüilidade de que as instituições do Estado se encontram em pleno funcionamento, garantindo o irrestrito prosseguimento das investigações em curso", diz documento preparado e assinado em conjunto.
Esta foi a primeira manifestação pública conjunta dos representantes dos três Poderes e do Ministério Público desde que a turbulência política veio à tona, cerca de três meses atrás. A pedido do presidente Lula, tanto o encontro como a redação prévia do documento conjunto foram organizados pelo ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), que iniciou os contatos desde meados da semana passada.
Ainda no documento de ontem, divulgado após uma hora e meia de reunião, os signatários elogiaram a "iniciativa dos parlamentares que apresentaram projetos para aperfeiçoar o sistema político brasileiro".
No texto, os cinco sugeriram ainda que seria "oportuno" que o atual processo de apuração das denúncias de corrupção fosse "coroado" com uma reforma que "garantisse maior transparência, representatividade e solidez ao regime político".
A reunião de ontem no Planalto serviu também para o presidente Lula expor aos chefes dos demais Poderes da República a sua intenção de fazer um novo pronunciamento ao país em cadeia nacional de rádio e TV e de enviar ao Congresso um projeto de lei de combate à lavagem de dinheiro, o que deve ocorrer na semana que vem. Thomaz Bastos e o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, também participaram do encontro de ontem.

Mais discursos
Preocupado com a queda de sua popularidade nas pesquisas, Lula também pretende aumentar nas próximas semanas a freqüência de discursos públicos a fim de recuperar prestígio. Recentes pesquisas Datafolha e Ibope mostraram que, no cenário atual, Lula não se reelegeria.
Hoje, o presidente discursará na abertura da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Lula deverá adotar uma linha otimista a respeito da economia (com notícias de queda da inflação e de maior retomada da economia no segundo trimestre do ano, por exemplo) e poderá abordar a crise política.
De acordo com auxiliares, o pronunciamento de rádio e TV poderia ir ao ar até amanhã. Como seu teor está em discussão, há a possibilidade de que seja adiado. Lula, porém, está disposto a usar mais este expediente para falar diretamente com a população e tentar recuperar popularidade.
Reservadamente, auxiliares presidenciais afirmam que, contados os pronunciamentos de presidentes e ministros, a gestão Lula tem média menor do que a do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Logo, se Lula começar a usar este recurso mais vezes, já teria resposta a eventual crítica.
(KENNEDY ALENCAR, EDUARDO SCOLESE E LUCIANA CONSTANTINO)


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