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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIPLOMACIA DA CRISE
Em documento com cinco signatários, governo diz que povo pode ter "tranqüilidade" com "pleno funcionamento" das instituições
Três Poderes assinam carta à sociedade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em documento conjunto assinado ontem depois de encontro
no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
os presidentes do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e
do Supremo Tribunal Federal,
Nelson Jobim, e o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmaram que,
diante da atual crise política, a população brasileira pode ficar tranqüila com o "pleno funcionamento" das instituições do país.
"Por fim, [os cinco signatários]
desejaram transmitir à sociedade,
em um momento em que uma
profusão de acusações vêm a público, a tranqüilidade de que as
instituições do Estado se encontram em pleno funcionamento,
garantindo o irrestrito prosseguimento das investigações em curso", diz documento preparado e
assinado em conjunto.
Esta foi a primeira manifestação
pública conjunta dos representantes dos três Poderes e do Ministério Público desde que a turbulência política veio à tona, cerca
de três meses atrás. A pedido do
presidente Lula, tanto o encontro
como a redação prévia do documento conjunto foram organizados pelo ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), que iniciou
os contatos desde meados da semana passada.
Ainda no documento de ontem,
divulgado após uma hora e meia
de reunião, os signatários elogiaram a "iniciativa dos parlamentares que apresentaram projetos para aperfeiçoar o sistema político
brasileiro".
No texto, os cinco sugeriram
ainda que seria "oportuno" que o
atual processo de apuração das
denúncias de corrupção fosse
"coroado" com uma reforma que
"garantisse maior transparência,
representatividade e solidez ao regime político".
A reunião de ontem no Planalto
serviu também para o presidente
Lula expor aos chefes dos demais
Poderes da República a sua intenção de fazer um novo pronunciamento ao país em cadeia nacional
de rádio e TV e de enviar ao Congresso um projeto de lei de combate à lavagem de dinheiro, o que
deve ocorrer na semana que vem.
Thomaz Bastos e o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, também participaram do encontro de ontem.
Mais discursos
Preocupado com a queda de sua
popularidade nas pesquisas, Lula
também pretende aumentar nas
próximas semanas a freqüência
de discursos públicos a fim de recuperar prestígio. Recentes pesquisas Datafolha e Ibope mostraram que, no cenário atual, Lula
não se reelegeria.
Hoje, o presidente discursará na
abertura da reunião do Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social. Lula deverá adotar uma
linha otimista a respeito da economia (com notícias de queda da
inflação e de maior retomada da
economia no segundo trimestre
do ano, por exemplo) e poderá
abordar a crise política.
De acordo com auxiliares, o
pronunciamento de rádio e TV
poderia ir ao ar até amanhã. Como seu teor está em discussão, há
a possibilidade de que seja adiado.
Lula, porém, está disposto a usar
mais este expediente para falar diretamente com a população e tentar recuperar popularidade.
Reservadamente, auxiliares
presidenciais afirmam que, contados os pronunciamentos de
presidentes e ministros, a gestão
Lula tem média menor do que a
do tucano Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). Logo, se Lula começar a usar este recurso
mais vezes, já teria resposta a
eventual crítica.
(KENNEDY ALENCAR, EDUARDO SCOLESE E LUCIANA CONSTANTINO)
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