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JULGAMENTO DO MENSALÃO
João Paulo, Valério e mais 17 serão processados pelo STF
Primeiros processos criminais do caso mensalão são abertos; sessão continua na segunda
Comando do Banco Rural e ex-ministros Gushiken e Anderson Adauto também viram réus; Dirceu se livra
da acusação de peculato
RANIER BRAGON
MARTA SALOMON
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Supremo Tribunal Federal
decidiu ontem abrir processo
criminal contra 19 dos 40 acusados no caso mensalão, exatos
dois anos, dois meses e 18 dias
após a eclosão do escândalo.
Entre os primeiros a virar réus
estão o ex-ministro Luiz Gushiken (Secom), o ex-presidente
da Câmara dos Deputados João
Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-diretor de marketing do Banco do
Brasil Henrique Pizzolato.
O ex-chefe da Casa Civil José
Dirceu escapou da acusação de
peculato, mas o STF decidirá
na próxima semana se ele responderá por formação de quadrilha e corrupção ativa.
Os dez ministros do STF estão desde quarta-feira -as sessões já somam 21 horas- apreciando a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que
acusou 40 pessoas de envolvimento com o esquema. A previsão é que essa análise seja concluída na terça-feira.
Ontem, os ministros decidiram que também responderão
ao processo Marcos Valério,
quatro dirigentes do Banco Rural, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, o deputado Paulo Rocha (PT), e os
ex-deputados petistas João
Magno e Professor Luizinho.
A predominância de petistas
entre os denunciados até agora
-são ao menos 5 entre os 19-
levou o ministro Carlos Ayres
Britto, que já foi filiado ao PT, a
fazer um desabafo no plenário:
"Causa estranheza que um partido que tem trabalhadores até
no nome se disponha a financiar candidaturas não apenas
deles mas de outros partidos."
O voto de Joaquim Barbosa
levantou debates acalorados,
mas foi acompanhado por unanimidade, com exceção de dois
momentos, quando sua posição
ficou sob ameaça.
A primeira delas ocorreu na
discussão sobre a abertura da
ação penal contra João Paulo
Cunha por lavagem de dinheiro
(tentar ocultar a origem criminosa de dinheiro ou bens). Eros
Grau, Carlos Ayres Britto e Gilmar Mendes foram contra, mas
foram vencidos por 7 votos a 3.
Ayres Britto chegou a dizer
que o saque de R$ 50 mil feito
pela mulher de João Paulo nas
contas do valerioduto "foi feito
às claras, à luz do dia, declarado", o que não configuraria intenção de "lavar" dinheiro.
João Paulo será processado
ainda por peculato (receber
vantagem indevida em função
do cargo público) e corrupção
passiva (solicitar ou receber
vantagem indevida em decorrência do cargo público). As penas dos três crimes variam de 2
a 12 anos. As penas máximas
somadas totalizam 46 anos.
O ex-presidente da Câmara é
acusado de ter beneficiado a
empresa SMPB, de Valério, em
licitação na Câmara, além de
ter desviado verba desse contrato. Sua mulher sacou R$ 50
mil das contas de Valério. "João
Paulo Cunha teria recebido, em
razão de ocupar o cargo de presidente da Câmara, vantagem
indevida de Marcos Valério",
disse Barbosa. "Há corrupção
passiva. Se pagou pesquisa, pagou campanha, não importa, o
que importa é que recebeu dinheiro", disse Cezar Peluso.
O segundo momento em que
o voto de Barbosa ficou ameaçado ocorreu na discussão sobre a única acusação que pesava contra Luiz Gushiken.
Henrique Pizzolato responderá por peculato, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
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