São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O paradoxo alckmista

Diante do novo Datafolha, que mostra Geraldo Alckmin (PSDB) mais distante de Marta Suplicy (PT) e mais próximo de Gilberto Kassab (DEM), os apoiadores do ex-governador repetem que tudo vai melhorar porque "o Serra terá que ajudar", seja atraindo recursos, seja aparecendo ao lado do candidato.
Mas não explicam como isso se dará, uma vez que Alckmin optou pelo ataque sistemático à administração que até outro dia era de Serra. No Palácio dos Bandeirantes, ouve-se que, tão logo "conseguiu arrancar" do governador uma declaração de apoio para exibir na TV, Alckmin "começou a esculachar a prefeitura". No Palácio do Anhangabaú, o clima é ainda pior.

Fúria 1. "A campanha do Geraldo é um tapa na cara do Serra", diz um tucano do primeiro escalão de Kassab. "É uma campanha de oposição. Só que o PSDB é governo."

Fúria 2. Um dos alvos da ira dos tucanos que integram a gestão Kassab é o ex-colega Floriano Pesaro. Recém-saído da Secretaria de Assistência Social, o candidato a vereador agora diz na TV que "uma cidade tão rica como São Paulo não pode ter mais de 150 mil crianças fora das creches e das escolas. Isso não pode continuar. É por isso que estou com Geraldo Alckmin. Ele vai criar vaga para todas essas crianças. Pode confiar!".

Aritmética. "O problema não é só virar casaca", diz um auxiliar do prefeito. "É que ele sabe bem que esse número está superfaturado. Nem a campanha da Marta usa."

Cofre-mãe 1. O PT centraliza num comitê financeiro único as doações para seus candidatos a vereador na cidade de São Paulo. No primeiro mês de campanha, esse caixa recebeu R$ 559,5 mil (R$ 472,5 mil por meio de transferências bancárias ou cheques e R$ 86,5 mil em dinheiro).

Cofre-mãe 2. A única sigla que adotou esse modelo de captação de recursos foi o PDT, com R$ 100 mil. As demais têm campanhas descentralizadas. Do total recebido pelo comitê, R$ 300 mil já foram transferidos para postulantes a uma vaga na Câmara.

Seleção. Reservadamente, alguns candidatos reclamam que o comitê financeiro único funciona como uma espécie de filtro. Ou seja, os recursos chegam inicialmente à campanha de Marta Suplicy e acabam direcionados, segundo os queixosos, a petistas mais ligados à ex-prefeita.

Sem-tela 1. Assim como em São Paulo, o PSDB quer cassar em outras praças o tempo de televisão de candidatos a vereador que contrariem a orientação da cúpula partidária. No Rio, Luiz Paulo Corrêa planeja banir da propaganda Luiz Antonio Guaraná e Andrea Gouveia Vieira, ligados ao ex-tucano e hoje peemedebista Eduardo Paes.

Sem-tela 2. Em Vitória, o partido tenta evitar que a ala dos vereadores ligada ao vice-governador Ricardo Ferraço, apoiadora da reeleição do petista João Coser, apareça nos programas do horário eleitoral. O PSDB fala em processo de expulsão contra Ferraço. We Are the World. O candidato Fernando Gabeira (PV), que já ganhou as adesões de Caetano Veloso, Daniel Filho e Nelson Motta à sua candidatura no Rio, lançará no programa de televisão um jingle com a participação de artistas como Paula Toller, Adriana Calcanhoto, Leila Pinheiro e Dado Villa-Lobos.

Amnésia. O candidato Antonio Imbassahy (PSDB), que acaba de conseguir liminares impedindo que duas emissoras de rádio mencionem seu nome na cobertura da campanha eleitoral em Salvador, saiu em veemente defesa da liberdade de informação meses atrás, quando o prefeito João Henrique (PMDB) lançou mão de idêntico recurso.

Tiroteio

"Queremos reconciliação, sim, mas com a verdade, com nomes, datas e localização dos corpos de 140 brasileiros desaparecidos."


De PAULO VANNUCHI, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos, defendendo a abertura dos arquivos da ditadura.

Contraponto

Cala-te boca

Na tarde de quarta, os deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) trocavam impressões sobre a rodada do Brasileiro. O primeiro, torcedor do Inter, perguntou ao segundo, palmeirense fanático:
-Preparado para o jogo de hoje lá no Sul?
Sem medo de ser feliz, Aldo provocou:
-O estádio do Internacional é mais conhecido como "Recanto dos Bandeirantes". Vamos ganhar fácil...
Naquela noite, o Palmeiras perdeu por 4 a 1. E, no dia seguinte, corria na bancada do PT a piada de que é preciso impedir a todo custo que o vice de Marta Suplicy faça previsões em público sobre a eleição paulistana.


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