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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
O paradoxo alckmista
Diante do novo Datafolha, que mostra Geraldo
Alckmin (PSDB) mais distante de Marta Suplicy (PT)
e mais próximo de Gilberto Kassab (DEM), os apoiadores do ex-governador repetem que tudo vai melhorar porque "o Serra terá que ajudar", seja atraindo recursos, seja aparecendo ao lado do candidato.
Mas não explicam como isso se dará, uma vez que
Alckmin optou pelo ataque sistemático à administração que até outro dia era de Serra. No Palácio dos Bandeirantes, ouve-se que, tão logo "conseguiu arrancar"
do governador uma declaração de apoio para exibir na
TV, Alckmin "começou a esculachar a prefeitura". No
Palácio do Anhangabaú, o clima é ainda pior.
Fúria 1. "A campanha do
Geraldo é um tapa na cara do
Serra", diz um tucano do primeiro escalão de Kassab. "É
uma campanha de oposição.
Só que o PSDB é governo."
Fúria 2. Um dos alvos da ira
dos tucanos que integram a
gestão Kassab é o ex-colega
Floriano Pesaro. Recém-saído da Secretaria de Assistência Social, o candidato a vereador agora diz na TV que
"uma cidade tão rica como
São Paulo não pode ter mais
de 150 mil crianças fora das
creches e das escolas. Isso não
pode continuar. É por isso que
estou com Geraldo Alckmin.
Ele vai criar vaga para todas
essas crianças. Pode confiar!".
Aritmética. "O problema
não é só virar casaca", diz um
auxiliar do prefeito. "É que ele
sabe bem que esse número está superfaturado. Nem a campanha da Marta usa."
Cofre-mãe 1. O PT centraliza num comitê financeiro
único as doações para seus
candidatos a vereador na cidade de São Paulo. No primeiro mês de campanha, esse caixa recebeu R$ 559,5 mil (R$
472,5 mil por meio de transferências bancárias ou cheques
e R$ 86,5 mil em dinheiro).
Cofre-mãe 2. A única sigla
que adotou esse modelo de
captação de recursos foi o
PDT, com R$ 100 mil. As demais têm campanhas descentralizadas. Do total recebido
pelo comitê, R$ 300 mil já foram transferidos para postulantes a uma vaga na Câmara.
Seleção. Reservadamente,
alguns candidatos reclamam
que o comitê financeiro único
funciona como uma espécie
de filtro. Ou seja, os recursos
chegam inicialmente à campanha de Marta Suplicy e acabam direcionados, segundo os
queixosos, a petistas mais ligados à ex-prefeita.
Sem-tela 1. Assim como
em São Paulo, o PSDB quer
cassar em outras praças o
tempo de televisão de candidatos a vereador que contrariem a orientação da cúpula
partidária. No Rio, Luiz Paulo
Corrêa planeja banir da propaganda Luiz Antonio Guaraná e Andrea Gouveia Vieira,
ligados ao ex-tucano e hoje
peemedebista Eduardo Paes.
Sem-tela 2. Em Vitória, o
partido tenta evitar que a ala
dos vereadores ligada ao vice-governador Ricardo Ferraço,
apoiadora da reeleição do petista João Coser, apareça nos
programas do horário eleitoral. O PSDB fala em processo
de expulsão contra Ferraço.
We Are the World. O
candidato Fernando Gabeira
(PV), que já ganhou as adesões de Caetano Veloso, Daniel Filho e Nelson Motta à
sua candidatura no Rio, lançará no programa de televisão
um jingle com a participação
de artistas como Paula Toller,
Adriana Calcanhoto, Leila Pinheiro e Dado Villa-Lobos.
Amnésia. O candidato Antonio Imbassahy (PSDB), que
acaba de conseguir liminares
impedindo que duas emissoras de rádio mencionem seu
nome na cobertura da campanha eleitoral em Salvador,
saiu em veemente defesa da
liberdade de informação meses atrás, quando o prefeito
João Henrique (PMDB) lançou mão de idêntico recurso.
Tiroteio
"Queremos reconciliação, sim, mas com a
verdade, com nomes, datas e localização
dos corpos de 140 brasileiros desaparecidos."
De PAULO VANNUCHI, titular da Secretaria Especial de
Direitos Humanos, defendendo a abertura dos arquivos da ditadura.
Contraponto
Cala-te boca
Na tarde de quarta, os deputados Ibsen Pinheiro
(PMDB-RS) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) trocavam impressões sobre a rodada do Brasileiro. O primeiro, torcedor do Inter, perguntou ao segundo, palmeirense fanático:
-Preparado para o jogo de hoje lá no Sul?
Sem medo de ser feliz, Aldo provocou:
-O estádio do Internacional é mais conhecido como
"Recanto dos Bandeirantes". Vamos ganhar fácil...
Naquela noite, o Palmeiras perdeu por 4 a 1. E, no dia
seguinte, corria na bancada do PT a piada de que é preciso impedir a todo custo que o vice de Marta Suplicy faça
previsões em público sobre a eleição paulistana.
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