São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Sarney discute com Suplicy no plenário

Petista faz aparte em discurso do presidente do Senado e cobra explicações sobre denúncias envolvendo peemedebista

Sarney acusa Suplicy de não seguir regra de convivência parlamentar ao tratar de tema diferente de sua fala, a morte de Euclides da Cunha


Alan Marques/Folha Imagem
Suplicy (PT-SP) vai ao encontro de Sarney (PMDB-AP); petista interrompeu discurso para lembrar das acusações contra o colega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltou ontem a ser cobrado no plenário do Senado a dar explicações sobre denúncias envolvendo o seu nome e de sua família. Ele discursava sobre o centenário da morte de Euclides da Cunha quando, num aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que a crise não havia se encerrado e cobrou-lhe explicações. Sarney se irritou ao considerar que o aparte fora de contexto foi falta de educação. Suplicy disse que faria um discurso ontem, mas recebeu um pedido do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para submeter o texto à bancada.
"Ele [Mercadante] ponderou que será melhor refletirmos amanhã [hoje]", disse Suplicy. No discurso, que distribuiu à imprensa, pede que Sarney se afaste da presidência, pontua contradições na defesa apresentada pelo peemedebista à Casa e diz que o Senado já sofre "desgaste incomensurável".
Sem citar a crise no seu partido, escreveu que "parlamentares e partidos políticos estão derretendo frente à opinião pública". O PT, que divulgou nota em defesa de Sarney e votou pelo arquivamento das denúncias contra ele, viu seu líder ter que recuar de uma decisão "irrevogável" de deixar a liderança por não concordar com a posição da legenda. Mercadante disse que foi Suplicy quem o procurou e não comentou sua interferência no discurso do colega petista.
O pronunciamento de Sarney tinha como objetivo marcar a "volta da normalidade" no Senado. Era o primeiro teste do presidente da Casa após sua absolvição no Conselho de Ética.
"Senador José Sarney, a situação no Senado não está tranquila, não está resolvida. As pessoas desejam um esclarecimento mais cabal", afirmou Suplicy, batendo na mesa. Sarney disse que Suplicy "estava tomado de tamanha paixão política" que "não respeitou as regras mais comezinhas da educação e da convivência parlamentar" ao aparteá-lo sobre outro assunto que não o centenário da morte de Euclides. Ele afirmou que já se explicou da tribuna e que Suplicy não o questionou naquela ocasião nem nas outras duas vezes em que presidiu o Senado.
Após responder, Sarney disse que encerraria o seu discurso porque não gostaria de "toldar a memória de Euclides da Cunha", como havia feito o petista. Sarney também havia homenageado Getúlio Vargas. Ao deixar a tribuna e ser abordado por Suplicy, o peemedebista voltou a criticá-lo.
Quando Suplicy já havia se retirado, Sarney voltou a pedir a palavra. Referindo-se a uma citação que o petista havia feito ao artigo intitulado "J'accuse", de Emile Zola, o peemedebista disse que não entendia "que o professor Suplicy, da FGV, não conhecesse "J'accuse", o célebre livro do Zola, que defende justamente uma injustiça".
Vídeo da discussão entre Sarney e Suplicy www.folha.com.br/0923619


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