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Sarney discute com Suplicy no plenário
Petista faz aparte em discurso do presidente do Senado e cobra explicações sobre denúncias envolvendo peemedebista
Sarney acusa Suplicy de não seguir regra de convivência parlamentar ao tratar de tema diferente de sua fala, a morte de Euclides da Cunha
Alan Marques/Folha Imagem
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Suplicy (PT-SP) vai ao encontro de Sarney (PMDB-AP); petista interrompeu discurso para lembrar das acusações contra o colega
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), voltou ontem a ser cobrado no plenário
do Senado a dar explicações sobre denúncias envolvendo o
seu nome e de sua família. Ele
discursava sobre o centenário
da morte de Euclides da Cunha
quando, num aparte, o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) disse
que a crise não havia se encerrado e cobrou-lhe explicações.
Sarney se irritou ao considerar que o aparte fora de contexto foi falta de educação. Suplicy
disse que faria um discurso ontem, mas recebeu um pedido do
líder do PT no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), para submeter o texto à bancada.
"Ele [Mercadante] ponderou
que será melhor refletirmos
amanhã [hoje]", disse Suplicy.
No discurso, que distribuiu à
imprensa, pede que Sarney se
afaste da presidência, pontua
contradições na defesa apresentada pelo peemedebista à
Casa e diz que o Senado já sofre
"desgaste incomensurável".
Sem citar a crise no seu partido, escreveu que "parlamentares e partidos políticos estão
derretendo frente à opinião pública". O PT, que divulgou nota
em defesa de Sarney e votou
pelo arquivamento das denúncias contra ele, viu seu líder ter
que recuar de uma decisão "irrevogável" de deixar a liderança por não concordar com a posição da legenda.
Mercadante disse que foi Suplicy quem o procurou e não
comentou sua interferência no
discurso do colega petista.
O pronunciamento de Sarney tinha como objetivo marcar a "volta da normalidade" no
Senado. Era o primeiro teste do
presidente da Casa após sua absolvição no Conselho de Ética.
"Senador José Sarney, a situação no Senado não está
tranquila, não está resolvida.
As pessoas desejam um esclarecimento mais cabal", afirmou
Suplicy, batendo na mesa.
Sarney disse que Suplicy "estava tomado de tamanha paixão política" que "não respeitou as regras mais comezinhas
da educação e da convivência
parlamentar" ao aparteá-lo sobre outro assunto que não o
centenário da morte de Euclides. Ele afirmou que já se explicou da tribuna e que Suplicy
não o questionou naquela ocasião nem nas outras duas vezes
em que presidiu o Senado.
Após responder, Sarney disse
que encerraria o seu discurso
porque não gostaria de "toldar
a memória de Euclides da Cunha", como havia feito o petista. Sarney também havia homenageado Getúlio Vargas.
Ao deixar a tribuna e ser
abordado por Suplicy, o peemedebista voltou a criticá-lo.
Quando Suplicy já havia se
retirado, Sarney voltou a pedir
a palavra. Referindo-se a uma
citação que o petista havia feito
ao artigo intitulado "J'accuse",
de Emile Zola, o peemedebista
disse que não entendia "que o
professor Suplicy, da FGV, não
conhecesse "J'accuse", o célebre
livro do Zola, que defende justamente uma injustiça".
Vídeo da discussão entre
Sarney e Suplicy
www.folha.com.br/0923619
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