São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Dantas transferiu US$ 52 mi um dia antes da Satiagraha

DA REPORTAGEM LOCAL

Testemunho juramentado feito à Justiça dos Estados Unidos pelo delegado da Polícia Federal Ricardo Saadi, coordenador da Operação Satiagraha, revelou que o banqueiro Daniel Dantas transferiu US$ 51,8 milhões (R$ 97,4 milhões) de Londres, na Inglaterra, para uma conta em Nova York em 7 de julho de 2008, apenas um dia antes da deflagração da operação da PF que o investigava.
"Transferências desse tipo evidenciam que os alvos da investigação [da Satiagraha] usam essas várias contas bancárias para movimentar seus fundos sem um visível e justificado propósito", escreveu Saadi em declaração no 19º cartório de ofícios de São Paulo.
No documento, o delegado afirma que doleiros brasileiros, utilizando o esquema de dólar-cabo (rede clandestina que funcionava à margem do Banco Central), remeteram ao menos US$ 20 milhões para cotistas do Opportunity Fund, no paraíso fiscal das Ilhas Cayman.
O uso dos doleiros é um dos argumentos de Saadi para pedir o bloqueio dos recursos do Opportunity nos EUA. O testemunho foi entregue pelo governo brasileiro a Richard Weber, chefe da Seção de Bloqueio de Bens e Lavagem de Dinheiro da Divisão Criminal do Departamento de Justiça norte-americano, sediado em Washington.
Com o testemunho, Weber e seus assistentes, Linda Samuel e Jean Weld, apresentaram formalmente à Corte Distrital de Columbia o pedido de bloqueio de bens de Dantas e empresas ligadas ao Grupo Opportunity.
O pedido foi acolhido pelo juiz John D. Bates em fevereiro passado. No documento, Saadi detalha que os dólares saíram de uma conta aberta da Harpy Eagle Investment, gerenciada pela custodiante BBH (Brown Brothers Harriman) no banco UBS de Londres, e chegaram a uma conta em nome da Tiger Eye Investments, mantida no Citibank de Nova York (EUA).
O documento protocolado por Richard Weber na Justiça americana indica a existência de uma apuração própria das autoridades americanas sobre o Grupo Opportunity.
Por meio de sua assessoria, o banco negou que seja alvo de investigações nos EUA. (RV)


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