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Apurações sobre desvios envolvem 52 acusados
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O ex-senador Jader Barbalho e
outras oito pessoas que tiveram
pedido de prisão preventiva decretada na quarta-feira passada
estão entre os 52 acusados pelo
desvio de US$ 68 milhões (R$ 257
milhões na cotação de ontem) de
verbas da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia) entre 96 e 99.
Este processo, que tramita em
Mato Grosso, é apenas uma das
ações penais propostas pelo Ministério Público para apurar desvios de verbas do órgão.
De acordo com o Ministério Público, Jader comandava um esquema que se dividia em dois setores, chamados pelos procuradores de ramo público (funcionários da Sudam), com três escalões,
e particular (empresários e "laranjas"), com dois escalões.
Os dois lados formavam suposto esquema de superfaturamento
e desvio de recursos de projetos
de empresas - a maioria fantasmas- aprovados pela Sudam.
Jader, acusado de formação de
quadrilha e estelionato, entre outros crimes, era quem atuava nas
duas frentes, diz a Procuradoria.
Na Sudam, o ex-senador usava
sua influência para nomear funcionários em funções estratégicas.
O principal deles é o ex-superintendente da Sudam José Artur
Guedes Tourinho (96-99). Em sua
administração, foram liberados
os US$ 68 milhões que teriam sido
desviados. O valor foi calculado
por laudo pericial da Polícia Federal. Candidato a deputado estadual no Pará pelo PMDB, teve prisão preventiva suspensa.
Dentro da Sudam, participariam ainda do esquema funcionários de segundo escalão (ex-superintendentes e ex-diretores) e de
terceiro escalão (fiscais). A função
deles seria facilitar a liberação dos
recursos e a aprovação de pareceres de fiscalização de projetos.
Divisão de tarefas
O esquema contava com dois tipos de empresa: as que recebiam
os recursos e as empresas de consultoria credenciadas na Sudam,
encarregadas de elaborar os projetos e apresentá-los ao órgão.
O principal nome apontado é
José Osmar Borges, maior acionista do Grupo Pyramid, com sede em Cuiabá. Essa empresa apresentou cinco projetos investigados pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso. Borges é
amigo de Jader e foi sócio de sua
mulher, Márcia Cristina Zahluth
Centeno, em uma empresa agropecuária. As apurações detectaram mais de mil ligações entre os
dois no auge do esquema.
Entre as evidências, está uma
nota fiscal falsa de R$ 49 milhões,
que teriam sido pagos à empresa
Petersen Matex, de São Paulo, na
aquisição de uma máquina de tecelagem para uma das empresas
de Borges. A nota fiscal foi enviada à Sudam, mas a empresa paulistana informou que a compra
não existiu. Para a Procuradoria,
os projetos fictícios de Borges
eram elaborados pela Prestimus
Planejamento e Assessoria. Eram
sócios Ricardo Jerônimo Mello,
Mário de Mello, Mário de Mello
Jr. e Jorge Gerônimo Gonso.
Fariam ainda parte do esquema
do "setor particular" os empresários Alberto Cury Jr. e Pedro de
Oliveira Rodrigues, sócios da empresa Essência Agropecuária.
Considerados segundo escalão
do "setor privado", esses empresários também tiveram o pedido
de prisão decretados. Só dois estão detidos: Mello Jr. e Oliveira
Rodrigues. Mário de Mello morreu. O terceiro escalão do setor
privado reúne "laranjas" das empresas de Borges -entre eles sua
própria mãe e ex-funcionários.
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