CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Acentuando o apelo emocional e valendo-se de um tom quase messiânico, o programa eleitoral do PT na TV, ontem à noite, ressuscitou a campanha de 1989, quando Lula foi derrotado por Collor no 2º turno.
"Pela primeira vez, um líder verdadeiramente popular competia em pé de igualdade com as forças tradicionais da política brasileira", dizia o locutor. Nas imagens, Lula era carregado pela multidão em comícios. Ao fundo, o jingle "Lula-lá", símbolo daquela campanha,agora recuperado por Duda Mendonça.
Artistas, atores e músicos -alguns hoje com FHC e Serra- também apareceram. "A campanha de Lula contagia o país", era narração. "Mas a história e o destino têm seus caprichos, e por pouco o sonho não virou realidade".
Depois, o presente. "Hoje, Lula e o PT se encontram em outro patamar", disse o programa, que mostrou imagens do petista em visitas a diversos países e afirmou que o PT "adquiriu experiência administrativa", numa resposta a críticas que acusam Lula de "inexperiente" e "despreparado".

Sem críticas
As críticas, no entanto, desapareceram do programa de Serra, que há duas semanas havia começado a atacar Lula. Mais uma vez, o petista nem sequer foi mencionado, pela terceira vez consecutiva.
Apesar de integrantes da campanha tucana terem afirmado que não haveria alterações na linha dos programas, o horário de ontem foi dedicado a mostrar os projetos de Serra para o Nordeste e suas realizações na região, definida pelo tucano como "imensa e importante". A mudança no tom do horário tucano coincide com a divulgação de pesquisas que mostram Serra estagnado.
"Recursos para o Nordeste: Zé Serra trabalhou por isso", dizia a propaganda.
O tucano contou ainda com depoimentos dos governadores Albano Franco (PSDB-SE) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), cotado inicialmente para ser vice na chapa de Serra.
Ontem, Serra assegurou dois direitos de resposta, de um minuto cada, na propaganda de Ciro Gomes. Ambos já haviam sido concedidos pelo ministro-auxiliar José Gerardo Grossi e agora foram confirmados pelo plenário. Serra se defenderá da acusação de que foi responsável, na Saúde, pela morte dos mata-mosquitos que haviam sido demitidos no Rio.