São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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FHC usa inflação sem fazer alarde

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A política de tolerar mais inflação em troca de menos sacrifícios para a economia vem sendo aplicada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, sem alarde, desde o ano passado.
Em 2001, o Banco Central desistiu de perseguir a meta oficial de inflação, fixada em 4%, diante das turbulências financeiras nos Estados Unidos e na Argentina e da crise de energia elétrica no Brasil.
A combinação de choques negativos levou a economia à estagnação e fez o dólar disparar. A reação do BC foi deixar que a inflação chegasse a 7,67%, em vez de elevar sua taxa de juros para chegar à meta.
O PIB cresceu apenas 1,5%, mas foi evitada uma recessão que agravaria mais o desemprego.
Neste ano, sabe-se desde o primeiro semestre que o IPCA vai ultrapassar os 3,5% previstos no programa de metas do BC. O mercado projeta uma taxa em torno de 6,5%, também puxada pela desvalorização cambial.
Mesmo com a perspectiva de elevação da inflação, o BC reduziu seus juros em três ocasiões, levando a taxa anual de 19% para os atuais 18%.
Tanto no ano passado como agora, as intenções do BC estiveram claras para o mercado -as decisões de não perseguir as metas oficiais de inflação constaram dos relatórios divulgados periodicamente pela instituição.
Nem por isso houve descrédito quanto ao compromisso do BC com o controle da inflação. Entendeu-se que, ao menos nesse período, a alta dos preços foi resultado de crises conjunturais.
A estagnação da economia também contribuiu para que a elevação dos preços se mantivesse em níveis considerados razoáveis. Com o consumo em baixa, a disparada do dólar não foi acompanhada de reajustes de outros produtos em taxas semelhantes.
Para o ano que vem, embora a meta oficial de inflação seja de 4%, a expectativa do mercado já é de uma taxa de 5,5%. E o BC elevou a margem de tolerância em relação à meta de 2 para 2,5 pontos percentuais. (GP)



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