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FHC usa inflação sem fazer alarde
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A política de tolerar mais inflação em troca de menos sacrifícios
para a economia vem sendo aplicada pelo governo Fernando
Henrique Cardoso, sem alarde,
desde o ano passado.
Em 2001, o Banco Central desistiu de perseguir a meta oficial de
inflação, fixada em 4%, diante das
turbulências financeiras nos Estados Unidos e na Argentina e da
crise de energia elétrica no Brasil.
A combinação de choques negativos levou a economia à estagnação e fez o dólar disparar. A
reação do BC foi deixar que a inflação chegasse a 7,67%, em vez
de elevar sua taxa de juros para
chegar à meta.
O PIB cresceu apenas 1,5%, mas
foi evitada uma recessão que
agravaria mais o desemprego.
Neste ano, sabe-se desde o primeiro semestre que o IPCA vai ultrapassar os 3,5% previstos no
programa de metas do BC. O
mercado projeta uma taxa em
torno de 6,5%, também puxada
pela desvalorização cambial.
Mesmo com a perspectiva de
elevação da inflação, o BC reduziu
seus juros em três ocasiões, levando a taxa anual de 19% para os
atuais 18%.
Tanto no ano passado como
agora, as intenções do BC estiveram claras para o mercado -as
decisões de não perseguir as metas oficiais de inflação constaram
dos relatórios divulgados periodicamente pela instituição.
Nem por isso houve descrédito
quanto ao compromisso do BC
com o controle da inflação. Entendeu-se que, ao menos nesse
período, a alta dos preços foi resultado de crises conjunturais.
A estagnação da economia também contribuiu para que a elevação dos preços se mantivesse em
níveis considerados razoáveis.
Com o consumo em baixa, a disparada do dólar não foi acompanhada de reajustes de outros produtos em taxas semelhantes.
Para o ano que vem, embora a
meta oficial de inflação seja de
4%, a expectativa do mercado já é
de uma taxa de 5,5%. E o BC elevou a margem de tolerância em
relação à meta de 2 para 2,5 pontos percentuais.
(GP)
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