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Presidente encontra Kirchner para contornar mal-estar com Argentina
DO ENVIADO ESPECIAL E DE NOVA YORK
Num encontro para tentar desanuviar recentes escaramuças na
relação Brasil-Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se
encontrou com o presidente argentino, Néstor Kirchner, ontem,
num hotel de Nova York. As divergências acabaram virando
brincadeira sobre futebol -Lula
revelou que jogará no Maracanã
no dia 12 de outubro, em jogo beneficente para o Fome Zero.
"A conversa foi a melhor possível", afirmou Lula, dizendo que se
encontrará com Kirchner no dia
16 de outubro para "acertar todos
pontos que precisam ser acertados". "A Argentina é o nosso parceiro mais importante no Mercosul. O sucesso da Argentina e do
Brasil será o sucesso do Mercosul
e da América do Sul", disse Lula.
Em conversas reservadas,
Kirchner se disse decepcionado
com Lula por não ter recebido
apoio do Brasil na negociação
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Não conversamos sobre isso. O
Kirchner em nenhum momento
reivindicou qualquer ação do governo brasileiro. Se formos fazer
política internacional com coisas
que saem num ou noutro jornal,
não faremos política internacional", disse Lula, algo contrariado,
em entrevista coletiva ontem.
Durante o encontro, Lula brincou com Kirchner: "Precisamos
fazer um jogo entre o Racing [time do argentino] e o Corinthians
[equipe de Lula]". Kirchner sorriu
e deu risada quando Lula revelou
que estava preocupado com sua
condição para participar do jogo
no Maracanã, em 12 de outubro.
Lula afirmou que nesse dia Vasco e Flamengo jogarão, mas que
haverá uma partida preliminar
entre o time da Presidência e o
Polytheama, do músico Chico
Buarque, amigo antigo do petista.
"Não tenho corpo de atleta",
disse Lula a Kirchner. Mais tarde,
completou: "É o tamanho do
campo que me assusta. Você imagina o que é dar um pique do
meio-campo até a área?".
Putin e sindicalistas
Lula se encontrou na parte da
tarde com o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, a quem agradeceu pela cooperação na investigação do acidente na base de Alcântara (MA), no mês passado.
Ao reafirmar que o acidente impulsionaria o programa espacial
brasileiro em vez de miná-lo, Lula
soltou frase um pouco infeliz: "Há
males que vêm para bem".
O presidente também teve encontro com sindicalistas da
AFL-CIO, a maior entidade de
trabalhadores dos EUA. Seu último compromisso seria um jantar
com o presidente da África do Sul,
Thabo Mbeki, e o premiê da Índia, Atal Behari Vajpayee. Os três
países são do G23 (grupo de nações em desenvolvimento que
combate o protecionismo dos
países ricos).
(KA E CC)
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