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IMAGEM OFICIAL
Após visita aos EUA, Bernardo Kucinski, assessor do ministério, diz que Estado não pode privilegiar jornalistas
Governo se comunica mal, avalia Secom
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de uma visita de cinco
dias a Washington, destinada a
conhecer os mecanismos de comunicação do governo dos Estados Unidos com a opinião pública
e seu relacionamento com a imprensa, o jornalista Bernardo Kucinski, assessor especial do ministro Luiz Gushiken (Secretaria de
Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), afirmou que "o
padrão de comunicação do governo brasileiro é ruim" e que é
preciso "pôr ordem na casa".
Kucinski disse que sua visita reforçou o que ele já sabia -que é
preciso institucionalizar o relacionamento do governo com a mídia. Isso significa transmitir informações para todos os veículos por
meio de entrevistas diárias em vez
de privilegiar um ou outro jornalista com vazamento de informação. "O nosso padrão aqui é um
vazamento que se faz a alguns jornalistas, em geral a um. Foi transportado para a comunicação do
governo um padrão que é o da comunicação de um político. O político usa jornalistas, mas o governo não pode fazer isso. O governo
é uma instituição, assim como a
mídia é uma instituição. Ele tem
de passar a informação para a mídia de forma institucional e não
de forma privilegiada", afirmou.
Kucinski, que já tinha ido conhecer o sistema britânico, disse
que vinha fazendo essa crítica:
"Sempre me opus a isso. No meu
primeiro dia aqui, eu detectei esse
padrão, que está errado. É preciso
ter ritos, se possível diários, e tem
que ser isônomo. Tem de ser para
todos, não para um", disse.
"Ordem na casa"
Ao defender que haja "ordem
na casa", Kucinski entende que é
preciso em primeiro lugar unificar o comando da comunicação,
como ocorre nos EUA, ou pelo
menos criar uma coordenação
única. No Brasil, existe a Secom, a
SID (Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência) e uma
estrutura separada para o porta-voz do presidente da República.
Rodrigo Baena, um dos assessores do porta-voz do presidente,
André Singer, acompanhou Kucinski na sua viagem aos EUA,
que foi parcialmente custeada pela Embaixada dos Estados Unidos
no Brasil (a embaixada se responsabilizou pela estadia).
Eles conheceram o funcionamento do trabalho diário da equipe de comunicação da Casa Branca e do Departamento de Estado,
principalmente. Ele destacou o
profissionalismo com que ocorrem as entrevistas diárias -a disciplina na transmissão de informações precisas e o fato de o governo se submeter ao questionamento da imprensa.
O que move essa essa estrutura,
segundo ele, é a "accountability"
(obrigação de prestar contas), que
não existe no Brasil, segundo Kucinski. Em relação a isso, ele não
faz uma crítica específica ao governo Lula, afirmando que esse é
um traço da cultura brasileira: as
pessoas em geral não se sentem na
obrigação de prestar contas.
Uma grande diferença dos EUA
em relação ao Brasil, segundo Kucinski, é que o governo se comunica com a opinião pública por intermédio dos meios de comunicação e não por meio de propaganda. "Eles nem sabem o que é propaganda institucional", disse.
Neste ano, o Orçamento da União
destina R$ 150 milhões para propaganda institucional -divulgação de atos e campanhas.
Kucinski disse que acorda todos
os dias às 5h30 para ler os principais jornais e preparar uma análise do noticiário para o presidente.
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