São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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PAINEL

Partido do Mensalão 1
Um eleitorado ainda mais silencioso que o baixo clero trabalha para influir na sucessão na Câmara: são os 16 deputados ameaçados de cassação e seu entorno. Eles têm procurado os presidenciáveis em busca de quem lhes ofereça as condições mais camaradas de julgamento.

Partido do Mensalão 2
Corregedor da Câmara e presidente da comissão que ouve preliminarmente os deputados cuja abertura de processo foi pedida pela CPI, Ciro Nogueira (PP-PI) é visto como um dos candidatos simpáticos a um item básico da plataforma dos "mensaleiros": punições diferenciadas dentro do bolo dos 16.

Tábua de salvação
De um líder da oposição, sobre o candidato lançado pelo governo: "Aldo Rebelo na presidência da Câmara é a chance que Zé Dirceu tem de não ser cassado".

Mesmo tamanho
O governo avalia que o principal desafio de Aldo (PC do B-SP) é passar ao 2º turno, dada a existência de vários candidatos com potencial de votos semelhante ao do ex-ministro.

Por exclusão
Segundo esse raciocínio, Aldo teria menos dificuldade num 2º turno, especialmente contra José Thomaz Nonô (PFL-AL). A seu favor jogariam doses cavalares de uso da máquina e a simpatia dos "mensaleiros".

Eleitorado cativo
Ciro Nogueira, o príncipe do baixo clero, deve colher alguns votos no PFL e no PSDB. Entre os tucanos, conta com os apoios dos amigos Eduardo Gomes (TO) e Léo Alcântara (CE).

Vocação governista
Léo é filho de Lúcio Alcântara (CE), o mais lulista dos governadores tucanos. Além dele, o PSDB já detecta em suas hostes outros focos de resistência a Nonô, que deveria ser o desaguadouro natural dos votos do partido, especialmente se Michel Temer (PMDB-SP) desistir.

Não entendi
Na reunião em que Arlindo Chinaglia foi aclamado, alguns petistas levantaram a hipótese de o partido abrir mão de postular a presidência. Foram prontamente rechaçados. Um dia depois, o candidato saiu de cena.

Sorte grande 1
Duas petistas apoiadas por Delúbio Soares na eleição para a Câmara paulistana em 2004 receberam "por dentro" polpudas doações de empresa que tem contratos com a Petrobras e está na mira da CPI dos Correios.

Sorte grande 2
A TSL Ambiental, que a CPI suspeita ter ligação com a GDK, foi a maior doadora das campanhas de Irma Passoni e Tita Dias, que não se elegeram. Para cada uma a empresa destinou R$ 50 mil, suas únicas contribuições a candidatos a vereador.

Seus problemas acabaram
De um petista que votou em Valter Pomar no 1º turno, sobre o favoritismo de Ricardo Berzoini, no 2º: "É quase total, mas lembre-se de que estamos falando das Organizações Tabajara".

Riscado do mapa
Se chance havia de os Tatto despejarem seu expressivo estoque de votos em Raul Pont num 2º turno, ela caiu por terra quando o gaúcho pediu a impugnação de votos na zona sul paulistana, dominada pela família.

Filiação de resultados 1
Além de Joaquim Francisco (PE), adversário histórico de Miguel Arraes, o PSB deve receber Marcondes Gadelha (PTB-PB) e quatro deputados que estão de saída do PL de Minas.

Filiação de resultados 2
"De nada adianta permanecer puro e naufragar na cláusula de barreira. O PSB não quer ser como aquele sujeito que todo mundo lamenta: "Morreu com uma saúde!'", justifica o deputado Beto Albuquerque (RS).

TIROTEIO

Do candidato Ciro Nogueira (PP-PI) sobre o adversário Aldo Rebelo (PC do B-SP):
-O Aldo é candidato do Renan. Na hora em que se disseminar na Casa a idéia de que o presidente do Senado quer fazer o presidente da Câmara, as chances do Aldo serão remotas.

CONTRAPONTO

Obrigado, doutor

Meses atrás, durante uma reunião com representantes da cúpula do PMDB para discutir o aumento da participação da sigla no governo a partir de mudanças no ministério, Lula, abatido, reclamou de azia.
Conhecido hipocondríaco, o líder peemedebista no Senado, Ney Suassuna (PB), quis ser útil ao presidente. Prontamente sacou um vidro de antiácido que havia trazido de recente viagem aos Estados Unidos.
Diante das observações gerais sobre a impropriedade de medicar o presidente da República, Suassuna ainda brincou:
-Tomo um antes. Ninguém dirá que quero envenená-lo.
Lula aceitou a oferta, Suassuna fez sua parte, e a reunião prosseguiu. Ao final, o petista declarou que se sentia melhor e pediu:
-Posso ficar com o vidro?
Sem ter como recusar, o senador viu com pesar sua farmácia particular ser desfalcada.


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