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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO MINEIRA
Estatal pagou R$ 1,673 mi da Cemig a empresa de Marcos Valério em 1998; parte do valor foi para gráfica registrada em nome de laranja
Promotoria vê elo entre Cemig e caixa 2 tucano
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público estadual
de Minas Gerais investiga pagamento de R$ 1,673 milhão feito
pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) à SMPB Publicidade, da qual foi sócio o empresário Marcos Valério, durante
a campanha eleitoral de 1998,
quando o presidente do PSDB e
senador Eduardo Azeredo, então
governador, disputou a reeleição,
tendo sido derrotado por Itamar
Franco.
A Cemig repassou o dinheiro à
SMPB no dia 21 de outubro, como
pagamento pela produção de revistas, folhetos e cartazes destinados a uma campanha de divulgação do uso eficiente de energia.
No dia seguinte ao depósito, a
empresa de Valério transferiu R$
1,1 milhão em DOCs (Documentos de Ordem de Crédito) para
contas de diversos candidatos no
Estado. O dinheiro saiu de contas
da SMPB no Banco Rural e no
BCN. O Ministério Público suspeita que a Cemig possa ter financiado indiretamente a campanha.
"Laranja"
Do total gasto pela Cemig, R$ 1,4
milhão foi destinado à Graffar
Editora Gráfica Ltda., que imprimiu as revistas, os cartazes e os folhetos. A Folha apurou que a gráfica, selecionada pela agência de
Valério, foi registrada em nome
de um "laranja" (pessoa que empresta o nome a outro) e está inativa há pelo menos dois anos.
Segundo a Junta Comercial do
Estado de Minas Gerais, a Graffar
foi registrada em novembro de
1997 em nome de Cláuber Gilberto Denucci Miranda, que tinha
99% das cotas, e de Willer Andrade. Em entrevista, por telefone, à
Folha, Miranda disse que emprestou o nome para a abertura
da empresa, a pedido de um amigo, e que desconhecia a prestação
do serviço à Cemig.
O amigo, segundo disse, era
Cleiton Melo de Almeida, atual
braço direito de Cláudio Mourão,
ex-secretário de administração do
Estado de Minas e ex-tesoureiro
da campanha de Azeredo em
1998. ""Nunca recebi um tostão da
gráfica, que só me deu dor de cabeça", disse Miranda, que ganha a
vida como vendedor.
Em janeiro de 2000, segundo
documentos da Junta Comercial,
os "laranjas" Cláuber Miranda e
Willer Andrade entregaram a empresa aos verdadeiros donos,
Cleiton e Marcus Almeida.
A gráfica foi registada com endereço de um bairro do município de Sabará, na Grande Belo
Horizonte. O secretário de Fazenda de Sabará, Alexandro Moks,
disse à Folha que a gráfica não pagou o ISS (Imposto sobre Serviços) sobre o valor de R$ 1,4 milhão que consta nas notas fiscais
que a SMPB entregou à Cemig como comprovante de despesas da
campanha.
O secretário examinou as faturas emitidas pela gráfica e disse
que se tratava de guias emitidas
pelo Estado. "Posso afirmar que
houve sonegação do ISS", disse.
A investigação do Ministério
Público será conduzida pelo promotor Leonardo Barbabela. Segundo ele, o inquérito nasceu a
partir de uma representação feita
pelo deputado estadual Rogério
Corrêa (PT), segundo o qual a Cemig teria feito gastos desproporcionais com a campanha educativa naquele ano.
Barbela disse que requisitou informações à estatal sobre os gastos com tais campanhas de 1998 a
2005.
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