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Lula se compara a Tiradentes e Jesus e diz que vencerá dia 1º
Presidente afirma que adversários vão esperar até 2010, pois "oncinha está com sede'
Candidato retoma discurso
adotado durante escândalo
do mensalão, quando dizia
ter sido traído, mas não
apontava os responsáveis
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA (SP)
Em referência ao escândalo
do dossiê contra tucanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comparou ontem a Jesus
Cristo e a Tiradentes, que foram mortos após a traição de
amigos. O petista, no entanto,
previu um final feliz para ele
mesmo, ao afirmar que "matará" a eleição presidencial em
primeiro turno, no dia 1º.
"Se alguém achar que a campanha presidencial vai para o
segundo turno, vai ter de esperar para concorrer em 2010,
porque esta nós matamos é no
dia 1º de outubro. Dia 1º de outubro é dia de a onça beber
água. Essa oncinha está com sede", disse o presidente durante
discurso em Sorocaba (SP).
Dizendo não temer a "gritaria" e o "denuncismo" da oposição, Lula afirmou que o PT não
é o único partido "a ter companheiros que cometem erros" e
que isso faz parte da "história
da humanidade".
"A gente poderia pegar a história e iríamos perceber que,
numa mesa de 12, um traiu Jesus Cristo. Aí poderia pegar a
reunião dos Inconfidentes, um
traiu Tiradentes. E nem por isso Cristo seria menos importante, nem por isso Tiradentes
deixou de ver acontecer a Independência pela qual ele foi esquartejado, sua carne salgada,
pendurada nos postes", disse.
A crise do dossiê já atingiu oito petistas, entre eles, Jorge Lorenzetti, amigo e churrasqueiro
de Lula que atuava como analista de risco e mídia do comitê
presidencial, e Ricardo Berzoini, que foi afastado da coordenação-geral da campanha. O
presidente perdeu ainda o assessor especial Freud Godoy,
que era homem de confiança do
petista havia 17 anos.
Lula estava acompanhado do
candidato do PT ao governo
paulista, Aloizio Mercadante,
cujo coordenador de campanha, Hamilton Lacerda, também caiu após ser acusado de
intermediar entrevista dos Vedoin contra José Serra (PSDB).
No escândalo do mensalão, o
presidente também afirmou
ter sido traído, mas nunca
apontou alguém pelo feito. Ontem, aproveitou o mesmo discurso para demonstrar otimismo sobre seu desempenho eleitoral. "Eu nunca falei que ia ganhar as eleições no primeiro
turno, por modéstia. Nunca falei por respeito. Quero dizer para vocês: nós vamos ganhar esta
eleição domingo", disse.
O presidente não comentou
as pesquisas que confirmam
sua vitória no primeiro turno,
mas registram também o crescimento do seu adversário Geraldo Alckmin (PSDB).
Desafio
Muito aplaudido pelo público de cerca de 3.800 pessoas,
estimativa da Polícia Militar,
Lula desafiou a oposição a investigá-lo até quando estava na
barriga da mãe. "Podem fazer
denúncia, façam o que quiser,
podem até mandar fazer exame
para saber o que eu fazia de
mau quando eu era feto. Não
tem problema. Vamos ganhar
com a cara limpa que nós temos, com os votos dos homens
e das mulheres deste país."
Apesar de a crise do dossiê
ter tomado boa parte do seu
discurso, Lula afirmou ser melhor não dedicar muito tempo
aos ataques dos adversários e
lembrou do velho PT. "A gente
não pode dedicar muito tempo
aos adversários que falam de
nós, porque durante muito
tempo o PT também fez com
eles o que eles fazem conosco".
Mercadante, que falou antes
de Lula, também rifou participação na compra do dossiê. "Eu
espero que os responsáveis por
essa atitude irresponsável assumam a sua responsabilidade,
para que não fique nas costas
daqueles que jamais aceitariam
iniciativa dessa natureza."
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