São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Lula se compara a Tiradentes e Jesus e diz que vencerá dia 1º

Presidente afirma que adversários vão esperar até 2010, pois "oncinha está com sede'

Candidato retoma discurso adotado durante escândalo do mensalão, quando dizia ter sido traído, mas não apontava os responsáveis

ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA (SP)

Em referência ao escândalo do dossiê contra tucanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comparou ontem a Jesus Cristo e a Tiradentes, que foram mortos após a traição de amigos. O petista, no entanto, previu um final feliz para ele mesmo, ao afirmar que "matará" a eleição presidencial em primeiro turno, no dia 1º.
"Se alguém achar que a campanha presidencial vai para o segundo turno, vai ter de esperar para concorrer em 2010, porque esta nós matamos é no dia 1º de outubro. Dia 1º de outubro é dia de a onça beber água. Essa oncinha está com sede", disse o presidente durante discurso em Sorocaba (SP).
Dizendo não temer a "gritaria" e o "denuncismo" da oposição, Lula afirmou que o PT não é o único partido "a ter companheiros que cometem erros" e que isso faz parte da "história da humanidade".
"A gente poderia pegar a história e iríamos perceber que, numa mesa de 12, um traiu Jesus Cristo. Aí poderia pegar a reunião dos Inconfidentes, um traiu Tiradentes. E nem por isso Cristo seria menos importante, nem por isso Tiradentes deixou de ver acontecer a Independência pela qual ele foi esquartejado, sua carne salgada, pendurada nos postes", disse.
A crise do dossiê já atingiu oito petistas, entre eles, Jorge Lorenzetti, amigo e churrasqueiro de Lula que atuava como analista de risco e mídia do comitê presidencial, e Ricardo Berzoini, que foi afastado da coordenação-geral da campanha. O presidente perdeu ainda o assessor especial Freud Godoy, que era homem de confiança do petista havia 17 anos.
Lula estava acompanhado do candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante, cujo coordenador de campanha, Hamilton Lacerda, também caiu após ser acusado de intermediar entrevista dos Vedoin contra José Serra (PSDB).
No escândalo do mensalão, o presidente também afirmou ter sido traído, mas nunca apontou alguém pelo feito. Ontem, aproveitou o mesmo discurso para demonstrar otimismo sobre seu desempenho eleitoral. "Eu nunca falei que ia ganhar as eleições no primeiro turno, por modéstia. Nunca falei por respeito. Quero dizer para vocês: nós vamos ganhar esta eleição domingo", disse.
O presidente não comentou as pesquisas que confirmam sua vitória no primeiro turno, mas registram também o crescimento do seu adversário Geraldo Alckmin (PSDB).

Desafio
Muito aplaudido pelo público de cerca de 3.800 pessoas, estimativa da Polícia Militar, Lula desafiou a oposição a investigá-lo até quando estava na barriga da mãe. "Podem fazer denúncia, façam o que quiser, podem até mandar fazer exame para saber o que eu fazia de mau quando eu era feto. Não tem problema. Vamos ganhar com a cara limpa que nós temos, com os votos dos homens e das mulheres deste país."
Apesar de a crise do dossiê ter tomado boa parte do seu discurso, Lula afirmou ser melhor não dedicar muito tempo aos ataques dos adversários e lembrou do velho PT. "A gente não pode dedicar muito tempo aos adversários que falam de nós, porque durante muito tempo o PT também fez com eles o que eles fazem conosco".
Mercadante, que falou antes de Lula, também rifou participação na compra do dossiê. "Eu espero que os responsáveis por essa atitude irresponsável assumam a sua responsabilidade, para que não fique nas costas daqueles que jamais aceitariam iniciativa dessa natureza."


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