DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

O procurador da República Mário Lúcio Avelar insinuou que o dinheiro para a compra do dossiê contra os tucanos saiu do PT ou do governo. "Estamos falando de um partido político que tem o comando do país. Pode sair de onde o dinheiro?" Afirmou que os petistas envolvidos no caso combinaram os seus depoimentos para "ocultar a verdade dos fatos". Disse ainda que Jorge Lorenzetti, ex-analista de risco e mídia da campanha de Lula, não soube explicar no depoimento o objeto social Unitrabalho e que a investigação considera a hipótese de a fundação, ligada ao petista e que teve R$ 3,4 milhões liberados pelo Ministério do Trabalho no último dia 14, ter relação com o caso. (FV)  

FOLHA - De onde o sr. acredita ter saído a verba para comprar o dossiê?
MÁRIO LÚCIO AVELAR - Ninguém é dono do dinheiro, ninguém tem dinheiro, esse dinheiro só existe no nosso imaginário. O Godoy não viu o dinheiro, o Darci não viu, o Luiz [Antonio Vedoin] não viu, o Gedimar foi pego com dinheiro, mas quando indagado não disse.

FOLHA - Que informações Lorenzetti prestou sobre a Unitrabalho?
AVELAR- Ele disse que está afastado. Teve muita dificuldade em justificar o objeto social, a razão social dessa ONG.

FOLHA - Trabalha-se com a possibilidade de que ela pode ter sido a fonte do dinheiro?
AVELAR - É possível. É uma linha a ser seguida. Mas não é a única. Veja bem: estamos falando de um partido político que tem o comando do país. Só tem o comando do país. [irônico] Não tem mais nada. Só o país. Pode sair de onde o dinheiro?

FOLHA - O Godoy apareceu no início do episódio e sumiu. Há elementos de que ele participou da negociação dos documentos?
AVELAR - Acho que o Freud tem que se explicar [risos]. Com certeza.

FOLHA - Existe a possibilidade de ele prestar um outro depoimento?
AVELAR - Mas rapaz, eu vou antecipar tudo o que eu vou fazer? Aí o inquérito acabou.

FOLHA - Mas existe?
AVELAR - É possível, é possível.

FOLHA - Onde está o tal dossiê com 2.000 páginas, que comprometeria todos os partidos?
AVELAR - Eu faço a mesma pergunta. Eu não tenho indício, talvez a polícia tenha.

FOLHA - E o sr. acha que a PF tem?
AVELAR - [Pausa] Acho que não.


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