São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Deputados também reclamam de demora

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Faltando seis dias para o primeiro turno das eleições, integrantes da CPI dos Sanguessugas avaliam que a Polícia Federal não está agindo com rapidez na identificação da origem do dinheiro usado para a compra de um dossiê contra políticos do PSDB. Membros do comitê da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estavam envolvidos no caso.
"A PF sempre foi nossa parceira, mas, neste caso, não está agindo com a mesma rapidez que sempre a caracterizou", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator da CPI. "O que a gente pede é mais agilidade", completou.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), outro sub-relator da CPI, também critica a falta de rapidez e sugere que interessa ao governo a divulgação depois após as eleições.
"É preciso saber se o governo está interessado em divulgar a origem do dinheiro antes ou depois da eleição. Eu aposto na segunda opção", disse.
Para o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), a PF tem agido com isenção. "Todos queremos saber a origem do dinheiro. A PF, desde o começo, tem atuado com total isenção. Não podemos usar o momento para fazer disputa política", disse Biscaia.
Em conversas reservadas, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tem dito que acha que a origem dos recursos será esclarecida e tornada pública pela PF antes das eleições. Publicamente, o ministro tem negado que a polícia esteja sendo usada para proteger o interesse eleitoral de Lula. A Folha não conseguiu localizar ontem os assessores da PF para falar sobre o assunto.
Os deputados Sampaio e Gabeira questionam o fato de a PF ainda não ter pedido ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) informações sobre os saques feitos em agências do Rio de Janeiro e São Paulo. O Coaf é subordinado ao Ministério da Fazenda.
"Se a Fazenda quisesse elucidar o caso, já teria apurado junto ao Coaf como e por quem esse dinheiro [R$ 1,7 milhão] foi sacado", disse Sampaio.
No último dia 15, Gedimar Pereira Passos, analista de risco e mídia da campanha de Lula, e Valdebran Padilha, empresário do Mato Groso ligado ao PT, foram presos pela PF na capital paulista com R$ 1,7 milhão dentro de um hotel.
Os dois disseram que o dinheiro seria usado para comprar do empresário Luiz Antonio Vedoin -apontado como líder da quadrilha dos sanguessugas- um dossiê com informações sobre a participação do candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra, na máfia das ambulâncias.


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