|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF pedirá a quebra do sigilo telefônico de cinco petistas
Polícia requisita ao Coaf informações sobre saques em quatro bancos para tentar identificar origem de dinheiro apreendido
No final de semana, equipe iniciou a análise dos vídeos do hotel onde aconteceu a venda do dossiê para saber se há outros envolvidos
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal solicitará a
quebra do sigilo telefônico de
pelo menos cinco petistas envolvidos no escândalo do dossiê
contra tucanos: Jorge Lorenzetti, Oswaldo Bargas, Expedito Afonso Veloso, Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva. Se na análise das ligações surgir o número do ex-secretário da Presidência
Freud Godoy, a quebra do sigilo
de seu telefone também poderá
ser solicitada.
A PF já requisitou ao Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) informações sobre saques que podem
estar relacionados à compra do
dossiê a quatro diferentes bancos. A equipe que investiga o
caso espera que o órgão já forneça alguns dados hoje mesmo.
Após os depoimentos de Lorenzetti, Bargas e Expedito, na
sexta-feira passada, em Brasília, a PF decidiu delimitar o pedido de informações ao Coaf.
Requisitou os saques considerados suspeitos acima de R$ 10
mil e todos acima de R$ 100 mil
entre o último dia de agosto e o
dia 14 deste mês, data em que a
PF confirmou que os petistas já
dispunham do dinheiro para a
compra do dossiê.
Nos lacres do dinheiro
apreendido havia a identificação do Bradesco e do BankBoston, mas a PF entendeu ser necessário incluir mais duas novas instituições na pesquisa.
A PF estabeleceu também
que as informações sobre os saques sejam restringidas a um
determinado número de cidades. Já se sabe que São Paulo e
Rio estão incluídas, mas os demais municípios e os nomes
das duas novas instituições financeiras, no entanto, estão
sendo mantidos em segredo.
No final de semana, a equipe
da PF encarregada do caso começou a analisar as imagens de
vídeo captadas pelo sistema interno de TV do hotel em São
Paulo onde Gedimar e Valdebran fecharam a venda do dossiê. A PF espera poder identificar outras pessoas do partido
que também teriam participado da negociação.
Os policiais analisaram também as chamadas telefônicas
feitas e recebidas no hotel onde
os dois estavam hospedados. Já
identificaram dezenas de ligações realizadas, por exemplo,
entre Expedito e Gedimar entre os dias 12 e 14.
Expedito foi enviado a Cuiabá para receber o material que
compunha o dossiê. A partir de
escutas feitas no período logo
anterior à entrega dos documentos, sabe-se que ele se encontrou com Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia das ambulâncias. Em São Paulo, Gedimar ficou encarregado de repassar o dinheiro a Valdebran.
Entre os potenciais alvos nas
quebras dos sigilos telefônicos,
a PF procura localizar eventuais chamadas entre Bargas e
o presidente do PT, Ricardo
Berzoini, no dia em que o acerto foi selado. Na semana passada, a revista "Época" divulgou
que jornalistas do veículo foram procurados por Bargas e
Lorenzetti, oferecendo um
dossiê contra os tucanos. Os
dois disseram que Berzoini sabia da conversa.
Berzoini admitiu que os jornalistas da revista haviam sido
procurados por seus subordinados, mas negou que soubesse
que haveria dinheiro na negociação. O episódio resultou na
saída de Berzoini do comando
da campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva à reeleição.
Texto Anterior: Deputados também reclamam de demora Próximo Texto: Petistas fizeram consulta sobre custo de avião Índice
|