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EUA serão flexíveis sobre Doha, afirma Bush a Lula
Americano muda de atitude em relação a negociação comercial e promete oferta concreta
País acena com menos subsídio agrícola, e Brasil discute tema em reunião
hoje; Bush diz que colega é "evangelizador do etanol"
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Flexibilidade em relação à
Rodada Doha e ofertas concretas por parte dos EUA. Essa foi
a tônica e o assunto dominante
do encontro de Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush em
Nova York, ontem. Eles passaram boa parte da hora em que
se reuniram em Manhattan falando de meios de destravar o
processo de negociação de comércio exterior, emperrado
desde o final de 2006.
"Nós compartilhamos o compromisso de uma rodada bem-sucedida", disse o presidente
Bush no final do encontro, em
breve relato a jornalistas. "E eu
garanti ao presidente que os
Estados Unidos mostrarão flexibilidade, particularmente na
questão de produtos agrícolas,
para ajudar a chegar a um resultado." A mudança de atitude
dos governo americano chega a
menos de 15 meses do fim do
mandato do republicano.
Segundo relatos posteriores,
Bush e seu gabinete acenaram
com propostas concretas de diminuição do montante de subsídio dado pelo governo à agricultura. Em troca, pediram que
o Brasil diminua e ajude a convencer o bloco dos países emergentes a diminuir a tarifa que
cobram dos produtos industriais que importam.
"Nós estamos convencidos
de que a mudança climática e a
Rodada Doha ainda dependem
de alguns fatores", disse Lula.
"E um desses fatores é a vontade de um país importante como
os EUA de demonstrar sua capacidade de ser flexível."
Lula diria ainda que seu colega mostrou "desejo" e "vontade
de ser mais flexível", e que o
Brasil faria sua parte. "O Brasil
quer fazer o que for necessário
para chegar a um acordo. Se nós
conseguirmos convencer a China, a Índia, a África do Sul, o
México, a União Européia e o
Japão, acho que poderemos
chegar a ele", disse o brasileiro.
"É um avanço indiscutível",
diria Celso Amorim após o encontro dos líderes. A equipe
técnica brasileira, comandada
pelo ministro das Relações Exteriores, analisa a proposta dos
EUA e a discute hoje com Susan
Schwab, a negociadora americana. Segundo Amorim, as rodadas de liberalização do comércio deram o tom também
no encontro de Lula com a
chanceler alemã, Angela Merker, pouco antes de Bush.
Além de comércio, os presidentes falaram de mudança climática e da presença brasileira
no Haiti. Em tom descontraído
Bush chamou Lula de "evangelizador" do etanol. Cercados
por seus ministros e diplomatas, os presidentes receberam a
imprensa em suíte do luxuoso
hotel Waldorf Astoria.
O brasileiro foi mais incisivo
ao tratar das questões ambientais. "Clima é questão que envolve todo o ser humano. Não
se trata de procurar quem é o
culpado. Se nós não cuidarmos
do planeta Terra, todos vamos
perder", disse o presidente, que
depois participou de jantar oferecido pelo secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon. Lula abre
hoje a 62ª Assembléia Geral
com discurso sobre ambiente e
combate à pobreza.
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