São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2007

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EUA serão flexíveis sobre Doha, afirma Bush a Lula

Americano muda de atitude em relação a negociação comercial e promete oferta concreta

País acena com menos subsídio agrícola, e Brasil discute tema em reunião hoje; Bush diz que colega é "evangelizador do etanol"

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Flexibilidade em relação à Rodada Doha e ofertas concretas por parte dos EUA. Essa foi a tônica e o assunto dominante do encontro de Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush em Nova York, ontem. Eles passaram boa parte da hora em que se reuniram em Manhattan falando de meios de destravar o processo de negociação de comércio exterior, emperrado desde o final de 2006.
"Nós compartilhamos o compromisso de uma rodada bem-sucedida", disse o presidente Bush no final do encontro, em breve relato a jornalistas. "E eu garanti ao presidente que os Estados Unidos mostrarão flexibilidade, particularmente na questão de produtos agrícolas, para ajudar a chegar a um resultado." A mudança de atitude dos governo americano chega a menos de 15 meses do fim do mandato do republicano.
Segundo relatos posteriores, Bush e seu gabinete acenaram com propostas concretas de diminuição do montante de subsídio dado pelo governo à agricultura. Em troca, pediram que o Brasil diminua e ajude a convencer o bloco dos países emergentes a diminuir a tarifa que cobram dos produtos industriais que importam.
"Nós estamos convencidos de que a mudança climática e a Rodada Doha ainda dependem de alguns fatores", disse Lula. "E um desses fatores é a vontade de um país importante como os EUA de demonstrar sua capacidade de ser flexível."
Lula diria ainda que seu colega mostrou "desejo" e "vontade de ser mais flexível", e que o Brasil faria sua parte. "O Brasil quer fazer o que for necessário para chegar a um acordo. Se nós conseguirmos convencer a China, a Índia, a África do Sul, o México, a União Européia e o Japão, acho que poderemos chegar a ele", disse o brasileiro.
"É um avanço indiscutível", diria Celso Amorim após o encontro dos líderes. A equipe técnica brasileira, comandada pelo ministro das Relações Exteriores, analisa a proposta dos EUA e a discute hoje com Susan Schwab, a negociadora americana. Segundo Amorim, as rodadas de liberalização do comércio deram o tom também no encontro de Lula com a chanceler alemã, Angela Merker, pouco antes de Bush.
Além de comércio, os presidentes falaram de mudança climática e da presença brasileira no Haiti. Em tom descontraído Bush chamou Lula de "evangelizador" do etanol. Cercados por seus ministros e diplomatas, os presidentes receberam a imprensa em suíte do luxuoso hotel Waldorf Astoria.
O brasileiro foi mais incisivo ao tratar das questões ambientais. "Clima é questão que envolve todo o ser humano. Não se trata de procurar quem é o culpado. Se nós não cuidarmos do planeta Terra, todos vamos perder", disse o presidente, que depois participou de jantar oferecido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Lula abre hoje a 62ª Assembléia Geral com discurso sobre ambiente e combate à pobreza.


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