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Extradição de Cacciola deve ser decidida em novembro
Prazo é divulgado depois de "encontro de ministros" do Brasil e do principado
Após reunião com Tarso Genro, diretor de Serviços Judiciários de Mônaco diz que Corte de Apelações deve iniciar a análise em outubro
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A MÔNACO
Depois de encontro com o
ministro da Justiça do Brasil,
Tarso Genro, o diretor-geral de
Serviços Judiciários de Mônaco, Philippe Narmino, afirmou
ontem que o processo de extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola deve estar concluído até 15 de novembro.
Narmino tem cargo equivalente ao de ministro da Justiça
no Brasil, mas é ao mesmo tempo a maior autoridade do Judiciário monegasco.
O diretor-geral afirmou que,
se o Brasil cumprir o prazo prometido de entregar todos os documentos necessários até 3 de
outubro, a Corte de Apelações
deve começar a analisar o caso
em 20 de outubro. Em seguida,
esse tribunal colegiado deve
definir o destino de Cacciola
em cerca de duas semanas.
No caso de a Corte decidir
pela extradição do brasileiro, o
processo é encaminhado por
Narmino ao príncipe Albert 2º,
que tem a palavra final.
O encontro entre Tarso e
Narmino começou antes das
15h e durou pouco mais de uma
hora. O diretor-geral fez questão de elogiar a visita, dizendo
que "esse contato pessoal facilita uma compreensão [do caso]
que a distância atrapalha".
No encontro de ontem, Narmino pediu a Tarso mais um
documento, além da sentença
de 2005 que condena Cacciola
a 13 anos de prisão. O Judiciário monegasco quer uma confirmação do Supremo Tribunal
Federal brasileiro de que o pedido de prisão contra o ex-banqueiro continua válido.
"Interessa-me saber se a decisão é válida e o que o juiz que
ordenou a prisão em 2000 diz
hoje, em setembro de 2007. Eu
prefiro ter esse documento",
disse Narmino. Tarso se comprometeu a enviar essa confirmação. "Não estamos preocupados com o prazo [para a entrega dos documentos], [queremos saber] se ele está foragido,
isso sim é importante", completou o diretor-geral.
Apesar da troca de elogios
entre Tarso e Narmino pela visita do brasileiro, ainda houve
um ruído sobre o pedido de extradição. Enquanto o ministro
confirmava aos repórteres que
o processo já tinha sido aberto,
Narmino insistia que ele ainda
não está em curso e que só começará quando chegarem todos os documentos.
"Até agora, são documentos
que anunciam a chegada do pedido de extradição", disse Narmino. "Foi [aberto] sim. O processo é complexo, não é Judiciário só. O que ele [Narmino]
diz é que para ele não começou,
porque precisa ser por vias diplomáticas. Mas começou com
a nota formal do governo brasileiro", rebateu o ministro.
Cacciola era dono do banco
Marka e foi condenado a 13
anos de prisão, em 2005, pelos
crimes de gestão fraudulenta
de instituição financeira no
mercado brasileiro e peculato
(usar o cargo para apropriação
ilegal de dinheiro). No episódio, o governo brasileiro teve
um prejuízo de R$ 1,6 bilhão.
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