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PF admite que não conseguiu abrir discos de Daniel Dantas
Momentos antes, diretor-geral do órgão havia dito que o assunto era "especulação"
"Não conseguimos ainda quebrar [códigos]; é um fato que ainda não conseguimos decodificar, mas aí querem polemizar", disse Fagundes
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Um integrante da cúpula da
Polícia Federal admitiu ontem,
pela primeira vez, que arquivos
de computadores apreendidos
na Operação Satiagraha não foram decodificados pela perícia.
O diretor técnico-científico
da PF, Paulo Roberto Fagundes, reconheceu ontem no Rio
que as informações criptografadas em discos rígidos ainda
não foram abertas.
Antes, porém, o diretor-geral
da PF, Luiz Fernando Corrêa,
dissera que isso era "pura especulação". Os dois participaram
do Iccyber 2008 -Conferência
Internacional de Perícias em
Crimes Cibernéticos.
"Não conseguimos ainda
quebrar [os códigos]. É um fato
que ainda não conseguimos decodificar, mas querem polemizar em cima", disse Fagundes.
O diretor técnico-científico
afirmou ainda que a perícia "é
uma demorada" e que "não dá
para fazer uma previsão de
quando teremos isso".
Corrêa acabara de negar a informação. Demonstrando desconforto, o diretor-geral criticou a imprensa por divulgar o
assunto, sigiloso. "Os jornais
deveriam também ter um compromisso com a verdade. A imprensa cumpre o papel de informar, e não de especular."
A Folha revelou, na última
segunda-feira, que o conteúdo
criptografado de computadores apreendidos no apartamento de Daniel Dantas no Rio não
foi acessado pela perícia.
O diretor-geral ainda disse
que o inquérito para apurar irregularidades no uso de agentes da Abin na Operação Satiagraha já está "70% concluído" e
que será terminado "logo".
"Temos um inquérito instaurado para apurar em que medida isso aconteceu e se configurou ilegalidade ou contrariedade a normas internas. E se confirmado, são comportamentos
individuais que não podemos
atribuir às instituições", disse.
Para Corrêa, não há risco de
se perderem as provas da operação. "É convicção da PF que
não [se invalidarão as provas],
porque tudo o que se produziu
foi com ordem judicial", disse.
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