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Ciro diz que sua candidatura leva ao 2º turno
Deputado federal pelo CE afirma que já tomou decisão de não transferir título para SP, mas que é "disciplinado" e discutirá com PSB
Pré-candidato à Presidência
vê potencial "imenso" para Marina Silva, mas avalia que ela vai "sofrer", porque seu partido fará "jogo" com Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Potencial candidato ao Palácio do Planalto em 2010, o deputado federal Ciro Gomes
(PSB-CE) diz que dois candidatos do campo governista à Presidência "impedem a vitória da
oposição no primeiro turno".
Esses candidatos seriam ele e
a ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff (PT) -nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que defende uma
disputa "plebiscitária", entre
apenas um nome do governo e
um da oposição.
Ciro vê "imenso" potencial
para crescimento da senadora
Marina Silva (PV-AC) na disputa presidencial, mas afirma que
ela "vai sofrer" porque seu partido fará "jogo" com Serra. Ele
acha que, embalada por Lula,
Dilma pode "chegar a 25%,
26%" de intenção de voto no
primeiro turno.
Abaixo, os principais trechos
de entrevista feita ontem no
fim da tarde por telefone:
FOLHA - Já decidiu mudar o domicílio eleitoral para São Paulo?
CIRO GOMES - Na minha cabeça,
a decisão está tomada. Não faço. Mas vou ouvir o partido.
FOLHA - O governador Eduardo
Campos (PE), presidente do PSB, disse que provavelmente o sr. não mudará, o que descarta a sua candidatura ao governo paulista.
CIRO - Ele pensa como eu, mas
ainda vou falar com o partido.
Sou disciplinado e vou tomar
uma decisão coletiva.
FOLHA - Sua candidatura a presidente é fato consumado?
CIRO - Minha vontade é ser
candidato, mas fiquei de conversar com o presidente Lula
até fevereiro. Vou respeitar isso. Vamos analisar juntos o que
será melhor.
FOLHA - Qual é a vantagem de dois
candidatos do campo lulista, tese
que o sr. defende?
CIRO - A pesquisa Ibope [divulgada terça-feira] mostrou que
dois candidatos do governo impedem a vitória da oposição no
primeiro turno. No cenário
mais provável, a soma dos votos
dados a mim, a Dilma e a Marina é maior do que a dada a Serra
[o governador de São Paulo, o
tucano José Serra].
FOLHA - A liderança de Serra nas
pesquisas não o torna favorito?
CIRO - Ele caiu na última pesquisa do Ibope. Foi a primeira
pesquisa com o cenário mais
provável da eleição que mostra
que Serra não ganharia no primeiro turno. Ele teve 35%. Somando a Dilma, Marina e eu, dá
40%, já está fora da margem de
erro.
FOLHA - Vê potencial de crescimento da candidatura Marina?
CIRO - Imenso. No aspecto
imagético, ela disputa com a
Dilma. É mulher, foi do PT, tem
história parecida com a de Lula.
Marina atua no nicho da Dilma.
FOLHA - Marina não fará oposição
ao governo?
CIRO - Ela não. Mas o movimento do PV é claramente de
apoio ao Serra. Ela vai sofrer.
Vai viver o drama que vivi com
o Roberto Freire [presidente
do PPS, que divergiu de Ciro na
manutenção ao apoio a Lula no
primeiro mandato do petista.
Ciro deixou o PPS pelo PSB.
Freire apoia Serra]. O Gabeira
[deputado federal Fernando
Gabeira, do PV-RJ] e o Penna
[José Luiz de França Penna,
presidente nacional do PV] farão jogo com o PSDB e o DEM,
jogarão com o Serra.
FOLHA - Dilma parou de crescer,
chegou ao teto?
CIRO - Não. Ela vai crescer.
Com apoio do presidente pode
chegar a 25%, 26%.
FOLHA - Nessa hipótese, com dois
candidatos do governo, Dilma não
pode tomar seu lugar no segundo
turno?
CIRO - Defendo uma tática que
é boa para o projeto porque
acredito, mesmo que me prejudique. Não posso defender algo
que é bom só para mim.
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