São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ciro diz que sua candidatura leva ao 2º turno

Deputado federal pelo CE afirma que já tomou decisão de não transferir título para SP, mas que é "disciplinado" e discutirá com PSB

Pré-candidato à Presidência vê potencial "imenso" para Marina Silva, mas avalia que ela vai "sofrer", porque seu partido fará "jogo" com Serra


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Potencial candidato ao Palácio do Planalto em 2010, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) diz que dois candidatos do campo governista à Presidência "impedem a vitória da oposição no primeiro turno". Esses candidatos seriam ele e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) -nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende uma disputa "plebiscitária", entre apenas um nome do governo e um da oposição.
Ciro vê "imenso" potencial para crescimento da senadora Marina Silva (PV-AC) na disputa presidencial, mas afirma que ela "vai sofrer" porque seu partido fará "jogo" com Serra. Ele acha que, embalada por Lula, Dilma pode "chegar a 25%, 26%" de intenção de voto no primeiro turno.
Abaixo, os principais trechos de entrevista feita ontem no fim da tarde por telefone:

 

FOLHA - Já decidiu mudar o domicílio eleitoral para São Paulo?
CIRO GOMES
- Na minha cabeça, a decisão está tomada. Não faço. Mas vou ouvir o partido.

FOLHA - O governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, disse que provavelmente o sr. não mudará, o que descarta a sua candidatura ao governo paulista.
CIRO
- Ele pensa como eu, mas ainda vou falar com o partido. Sou disciplinado e vou tomar uma decisão coletiva.

FOLHA - Sua candidatura a presidente é fato consumado?
CIRO
- Minha vontade é ser candidato, mas fiquei de conversar com o presidente Lula até fevereiro. Vou respeitar isso. Vamos analisar juntos o que será melhor.

FOLHA - Qual é a vantagem de dois candidatos do campo lulista, tese que o sr. defende?
CIRO
- A pesquisa Ibope [divulgada terça-feira] mostrou que dois candidatos do governo impedem a vitória da oposição no primeiro turno. No cenário mais provável, a soma dos votos dados a mim, a Dilma e a Marina é maior do que a dada a Serra [o governador de São Paulo, o tucano José Serra].

FOLHA - A liderança de Serra nas pesquisas não o torna favorito?
CIRO
- Ele caiu na última pesquisa do Ibope. Foi a primeira pesquisa com o cenário mais provável da eleição que mostra que Serra não ganharia no primeiro turno. Ele teve 35%. Somando a Dilma, Marina e eu, dá 40%, já está fora da margem de erro.

FOLHA - Vê potencial de crescimento da candidatura Marina?
CIRO
- Imenso. No aspecto imagético, ela disputa com a Dilma. É mulher, foi do PT, tem história parecida com a de Lula. Marina atua no nicho da Dilma.

FOLHA - Marina não fará oposição ao governo?
CIRO
- Ela não. Mas o movimento do PV é claramente de apoio ao Serra. Ela vai sofrer. Vai viver o drama que vivi com o Roberto Freire [presidente do PPS, que divergiu de Ciro na manutenção ao apoio a Lula no primeiro mandato do petista. Ciro deixou o PPS pelo PSB. Freire apoia Serra]. O Gabeira [deputado federal Fernando Gabeira, do PV-RJ] e o Penna [José Luiz de França Penna, presidente nacional do PV] farão jogo com o PSDB e o DEM, jogarão com o Serra.

FOLHA - Dilma parou de crescer, chegou ao teto?
CIRO
- Não. Ela vai crescer. Com apoio do presidente pode chegar a 25%, 26%.

FOLHA - Nessa hipótese, com dois candidatos do governo, Dilma não pode tomar seu lugar no segundo turno?
CIRO
- Defendo uma tática que é boa para o projeto porque acredito, mesmo que me prejudique. Não posso defender algo que é bom só para mim.


Texto Anterior: Arma nuclear pode proteger pré-sal, diz Alencar
Próximo Texto: PT e PMDB devem selar pré-aliança formal para 2010
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.