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PERNAMBUCO
Grevistas trocam tiros com policiais que não aderiram ao movimento em frente à sede do governo; 24 são presos
Conflito entre PMs deixa cinco feridos
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Policiais militares de Pernambuco, em greve há sete dias, trocaram tiros ontem por duas vezes
com integrantes da corporação
que não aderiram ao movimento.
Cinco pessoas ficaram feridas.
Três oficiais, um soldado e um
negociante de ferro-velho foram
baleados. Até a conclusão desta
edição, 24 grevistas haviam sido
presos em razão dos confrontos.
Os tiroteios ocorreram em uma
das avenidas mais movimentadas
de Recife, a Agamenon Magalhães, e em frente ao Palácio do
Campo das Princesas, sede do governo do Estado.
Os policiais feridos passam
bem. Já o negociante Fernando
dos Santos levou um tiro no peito.
Ele foi operado e seu estado de
saúde era considerado "estável".
Os conflitos ocorreram de manhã, horas após o governo divulgar, por meio do "Diário Oficial"
do Estado, a demissão de 243 grevistas e a abertura de processo para punição de outros 75.
Cerca de cem policiais em greve
que realizavam uma manifestação com motocicletas na avenida
Agamenon Magalhães pararam
em frente à Secretaria da Defesa
Social (equivalente à da Segurança) às 9h30 para protestar.
Um carro da polícia teve os
pneus esvaziados e, segundo o governo do Estado, vários tiros foram disparados pelos manifestantes em direção à secretaria.
Os grevistas confirmam que alguns deles furaram os pneus do
veículo, mas negam ter atirado no
prédio, onde o secretário Iran Pereira despachava. Foi pedido reforço, e cerca de dez veículos da
PM cercaram o local. Houve troca
de tiros, e o grevista Jair Barbosa
foi ferido nas costas. O negociante
de ferro-velho foi atingido no peito por uma bala perdida.
A notícia do confronto chegou
ao palácio do governo às 10h. Naquele momento, cerca de mil PMs
em greve realizavam uma vigília
no local.
A notícia se espalhou e, às 10h15,
houve novo tiroteio, desta vez envolvendo os grevistas e os policiais que protegiam a sede do governo estadual.
Duas bombas de efeito moral
foram lançadas em direção aos
manifestantes, que se dispersaram. Tropas de elite que protegiam o interior do palácio correram para as janelas e apontaram
fuzis e metralhadoras em direção
aos policiais em greve.
Três oficiais que integravam a linha de frente de defesa da sede do
governo se feriram.
No momento do confronto, cerca de 200 PMs tentavam negociar
na Assembléia Legislativa, localizada a 200 metros do palácio, a intermediação de deputados estaduais no impasse. Os tiros e o barulho das bombas foram ouvidos
pelos policiais, que deixaram as
galerias e correram ao local do
conflito com armas nas mãos.
A parede do palácio do governo,
onde o governador Jarbas Vasconcelos despachava com secretários, ficou marcada por vários
tiros.
"O primeiro tiro partiu deles",
afirmou o diretor da Associação
dos Cabos e Soldados e um dos líderes do movimento, Moisés Filho. O governo nega. Segundo os
policiais da guarda do palácio, os
grevistas atiraram primeiro.
"O acirramento já era previsto,
mas não poderíamos imaginar
que chegaria a esse ponto", afirmou o procurador-geral do Estado, Silvio Pessoa, que concedeu
entrevistas em nome do governo.
Segundo ele, o governador do
Estado, Jarbas Vasconcelos
(PMDB), considerou os confrontos "fatos isolados", provocados
por policiais "amotinados".
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