|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERNAMBUCO
Na prática, decisão significa o fim das carreatas e comícios, porque prazo coincide com início de restrição da lei
Conflito leva juiz a suspender campanha
KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
A Justiça Eleitoral proibiu carreatas, caminhadas e comícios em
Recife até a meia-noite de amanhã. Na prática, isso significa o
fim da campanha de rua, pois a
decisão vai até a data-limite para
comícios e carreatas. Há exceção
para panfletagens de militantes,
desde que não ""se constituam
aglomerações". Foi suspensa
também a propaganda eleitoral
gratuita, por 24 horas.
"Não há a menor segurança na
capital para a campanha política",
disse o juiz Bartolomeu Bueno de
Freitas Morais, autor das duas decisões. O juiz afirmou que tomou
a decisão de proibir comícios e
carretas por recomendação do
Ministério Público, que também
entendeu não haver segurança.
Como a decisão do juiz é administrativa, ele admite revê-la, caso
a greve acabe até amanhã ou as
tropas federais recebam reforço
para policiar as ruas. Ele considera a primeira hipótese difícil, mas
se mostrou aberto à segunda.
"Mesmo que a PM volte a trabalhar, temo que seja negligente no
policiamento. A situação chegou
a um ponto em que é melhor a intervenção do Exército", declarou
Freitas Morais. Já há cerca de 300
militares policiando a cidade.
PT e PFL
"Essa decisão prejudica a nossa
candidatura", afirmou o postulante petista a prefeito, João Paulo. Ele disse que entraria com recurso contra as duas decisões e
que acabar com comícios e carretas "é um ato para acabar com a
campanha do PT".
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, que está em campanha em Recife, afirmou que a decisão "pode influenciar o resultado final da eleição".
Dirceu foi ontem ao presidente
do Tribunal Regional Eleitoral,
Arthur Pio dos Santos, para falar
de um boato de que a eleição poderia ser adiada. De acordo com a
assessoria do TRE, não há essa
possibilidade.
Evitando acusar o juiz, os petistas consideraram que suas decisões beneficiaram o candidato do
PFL, o prefeito Roberto Magalhães. João Paulo e Dirceu argumentaram que o Exército está nas
ruas e que não há a insegurança
alegada pelo juiz.
Por meio da assessoria, Magalhães disse que "a greve não interessa aos eleitores de Recife e que
a decisão judicial deve ser respeitada". ""Decisão judicial não se
discute, cumpre-se. Não sei se a
medida me prejudicará. Levo em
conta um valor bem mais alto que
é a vida das pessoas, que seriam
postas em risco em face da greve."
Advogados do PFL também visitaram o TRE para reclamar da
proibição de comícios e carreatas.
O juiz Freitas Morais declarou
que suas decisões "não foram tomadas para beneficiar o candidato A ou o candidato B". Disse que
o PT tem direito de recorrer, mas
que já determinou que quem estiver exercendo o poder de polícia
(no caso, o Exército) tem de fazer
cumprir sua decisão.
Segundo o juiz, que já pediu ao
TRE que solicite ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) a participação
de tropas federais no domingo, o
dia da eleição, "o envio de tropas
federais é necessário para dar segurança ao eleitor". O governador
de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, pediu ao TRE que o Exército acompanhe a eleição.
Na decisão que suspendeu a
propaganda eleitoral até as 14h de
hoje, o juiz argumenta também
que PFL e PT têm feito "contrapropaganda criminosa, visando
tão somente degradar, ridicularizar e ofender a honra pessoal dos
candidatos e seus familiares".
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Líder sem-terra diz que apóia reivindicação Índice
|