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REFORMA ADMINISTRATIVA
Governistas têm como certa derrota em votação sobre servidores e tentam evitar o desgaste
Demissão por excesso de gasto deve cair
da Sucursal de Brasília
Os líderes governistas querem evitar uma
nova votação do
dispositivo que
prevê o pagamento de salário
proporcional ao
tempo de serviço para os funcionários colocados em disponibilidade, aprovado em primeiro turno
na reforma administrativa.
Os governistas decidiram apostar na manutenção desse dispositivo, diante da perspectiva de derrota na votação da quebra da estabilidade por excesso de quadros
-quando os gastos com a folha de
pessoal ultrapassam 60% da arrecadação da União, Estados ou municípios. Esse item é considerado
um dos principais da reforma.
Para os governistas, esse dispositivo traria um resultado mais imediato que a quebra da estabilidade:
logo depois da promulgação da
emenda, os governos poderiam
extinguir cargos e colocar os servidores em disponibilidade, com salários menores.
"É um absurdo o servidor ser
colocado em disponibilidade e ganhar o salário integral", afirmou o
líder do PFL, deputado Inocêncio
Oliveira (PE).
A votação da reforma administrativa será retomada hoje na Câmara. Faltam dez votações para a
conclusão do segundo turno.
Depois, a emenda precisa ser
submetida ao Senado.
Articulação
A articulação para evitar a votação do dispositivo que trata da disponibilidade com salário proporcional está sendo comandada pelo
líder do governo, deputado Luís
Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Ontem, Luís Eduardo telefonou
para Inocêncio e o encarregou de
discutir o assunto com o presidente da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP). A assessoria da Mesa
da Câmara está analisando a manobra governista.
Os governistas argumentam que
o dispositivo não poderá ser votado porque já foi apreciado no primeiro turno, quando da votação
da proposta para suprimir a demissão de servidores estáveis por
insuficiência de desempenho.
Segundo a assessoria da Mesa,
não há impedimento regimental
para a apresentação do DVS (Destaque para Votação em Separado).
Os governistas, porém, vão utilizar argumentos políticos.
No primeiro turno, governo e
oposição fizeram um acordo para
evitar que todas as mudanças propostas pelo bloco PT, PDT e PC do
B fossem consideradas irregulares.
O bloco havia apresentado emendas que alteravam mais de um dispositivo.
A ameaça da Mesa de anular todos os destaques provocou uma
revolta entre os deputados da oposição, que promoveram um "apitaço" no plenário e impediram a
continuidade da votação.
As emendas foram desmembradas, e a oposição se comprometeu
a não repetir no segundo turno as
modificações que já foram propostas no primeiro.
Na justificativa do destaque, o
bloco se refere ao dispositivo da
disponibilidade.
Repercussão
Os governistas estão investindo
na manutenção do dispositivo que
trata da disponibilidade para evitar a repercussão negativa da derrota na quebra da estabilidade, tida como certa entre os parlamentares da base aliada ao Palácio do
Planalto.
Declarações de governadores e
secretários dos três principais Estados -São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais- de que não vão
demitir funcionários aumentaram
as resistências ao dispositivo que
prevê a quebra da estabilidade por
excesso de quadros.
"Para que votar uma coisa inútil
com desgaste para o Congresso?",
perguntou o deputado Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça).
"Até quarta-feira (amanhã), eu
vou pensar para decidir se voto
contra ou a favor", completou.
"Se perdermos a estabilidade,
não será uma tragédia, mas vamos
trabalhar para aprová-la", disse
Inocêncio.
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)
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