São Paulo, terça, 25 de novembro de 1997.




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SUCESSÃO
Senador pefelista descarta disputar vaga de vice, mas não a de presidente em 1998
ACM incita especulação de candidatura


LUÍS COSTA PINTO
enviado especial a Brasília

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem estimulado amigos e alguns admiradores para que falem sobre uma eventual candidatura sua à Presidência em 98.
Foi o que fez em diversas conversas neste último fim-de-semana, no qual obrigou o Senado a trabalhar debatendo e, em muitos momentos, opondo-se ao pacote fiscal do governo.
Em nenhuma das conversas o senador baiano, presidente do Congresso, admitiu abertamente sua candidatura. Mas também não disse que não seria candidato. Garantiu que "no momento" a aliança eleitoral federal do PFL com o PSDB está mantida.
Foi perguntado pelo senador Carlos Wilson (PSDB-PE) se a aliança poderia ter fim. "Acho que não, mas o governo não pode fazer o quer, como quer", respondeu.
Estimulado pelos exercícios de futurologia política feitos por Carlos Wilson, o presidente do Congresso foi levado a fazer conjecturas sobre as possibilidades de o Plano Real dar errado. Eles e outros senadores estavam embalados pelos cenários de queda global das Bolsas de Valores. ACM disse que era cedo para desenhar esses quadros futuros. Logo depois, deu o sinal mais evidente de que tem pensado bastante na eleição de 98.
Carlos Wilson perguntou-lhe se seria candidato a vice-presidente da República numa chapa encabeçada por Paulo Maluf (PPB). "A vice, não sou candidato de ninguém. Não serei vice de ninguém, de ninguém", assegurou ACM.
"Ele descartou a vice-presidência de pronto, mas não impediu que se continuasse debatendo uma candidatura sua à Presidência. O quadro é preocupante para o PSDB", relatou ontem Carlos Wilson a um amigo.
Um eventual abandono do apoio dado por ACM ao governo FHC é temido pelos estrategistas da candidatura tucana muito mais pelos estragos que causará dentro do Congresso do que por votos que venha a subtrair do tucano em 98.
Ontem esses estrategistas, alguns sociólogos, outros publicitários, poucos ministros e um ou outro parlamentar do PSDB, citavam preocupadamente uma reportagem da revista britânica "The Economist" pondo em dúvida a capacidade de FHC aprovar seu pacote fiscal sem o apoio de ACM.
Eles consideram que esse é um mau sinal para o exterior, que pode agravar a crise de credibilidade do Real e, assim, arrastar junto o governo, que sempre se sustentou na popularidade de moeda estável.



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