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TRANSIÇÃO
Agora na oposição, tucanos montam um grupo técnico para fiscalizar e analisar as propostas do governo petista
Equipe do PSDB vai monitorar gestão de Lula
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSDB está criando uma equipe técnica para fiscalizar e analisar as propostas que o governo do
petista Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) enviará ao Congresso Nacional. A principal função desse grupo será assessorar a bancada tucana que se prepara, segundo José
Aníbal, presidente do PSDB, para
fazer "oposição consistente".
"Estamos preparando toda uma
estrutura no partido para fazer
acompanhamento [do governo
Lula]. Não vamos apenas nos posicionar em relação à agenda que
eles estão propondo, como vamos
propor agenda também", disse
ontem Aníbal, após a cerimônia
de lançamento da Semana Sérgio
Motta, o ex-ministro das Comunicações morto em 1998.
O primeiro trabalho desse grupo será um documento analisando o programa Fome Zero, que
deverá ser o principal investimento social no primeiro ano de governo do petista. O documento
será divulgado pela equipe tucana
no próximo dia 5, em Brasília.
"Vamos ser uma oposição consistente, qualificada, procurando
colaborar com o debate que o parlamento terá de fazer", diz. Aníbal
ressaltou que o PSDB não hesitará
em apoiar as propostas do novo
governo se elas estiverem de acordo com a linha do partido.
O grupo, que contará com biblioteca virtual e centro de informática, vai acompanhar de perto
as propostas do governo para as
reformas trabalhista, fiscal e previdenciária, informou Aníbal.
A decisão de colocar essa "equipe de fiscalização" no Congresso
foi para municiar os deputados
com informações técnicas para
que eles possam contestar ou
aceitar as propostas do PT baseados em argumentos consistentes.
O primeiro nome que comporá
a equipe, a partir do dia 2 de janeiro, é José Lucena, atual secretário
particular de FHC. Ele é especialista em legislação partidária e será o consultor da reforma política.
A avaliação do PSDB é que as
propostas apresentadas preliminarmente pelo PT "têm muita
identidade" e "convergência"
com o que vinha sendo proposto
pelo PSDB. Como exemplo, Aníbal citou a idéia de unificar a contribuição previdenciária de funcionários públicos e empregados
da iniciativa privada. "Sempre defendemos isso", afirmou ele.
Aníbal disse que as cinco reformas citadas por Lula como prioritárias (tributária, previdenciária,
trabalhista, sindical e política) fizeram parte da agenda do PSDB.
"Ouvimos aquilo [as reformas
propostas] de forma muito positiva. Elas estavam na nossa agenda
e tentamos trabalhar."
O tucano disse que o governo
fez as reformas "possíveis", embora admita que não tenham sido
suficientes. Ele acredita que será
mais fácil aprovar as reformas,
agora com o PT no governo.
Para Aníbal, a "adesão" do PT a
idéia de unir a previdência facilitará a votação no Congresso.
Em relação à Reforma Tributária, Aníbal afirmou que, embora
necessária, ela não deverá ser
aprovada em um "curto espaço
de tempo". "Faz meses que discutimos a redução do efeito cascata
e ainda sequer conseguimos votar, imagina uma mudança mais
substantiva", disse o tucano.
Em 1989, quando perdeu as eleições para o ex-presidente Fernando Collor de Mello, Lula, então
deputado federal, anunciou em
na sua primeira coletiva após as
eleições, a criação de um "governo paralelo" para monitorar a administração federal. O "governo
paralelo" foi instalado em Brasília
no dia 17 de julho de 1990, com 16
"ministros".
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