São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Agora na oposição, tucanos montam um grupo técnico para fiscalizar e analisar as propostas do governo petista

Equipe do PSDB vai monitorar gestão de Lula

GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB está criando uma equipe técnica para fiscalizar e analisar as propostas que o governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviará ao Congresso Nacional. A principal função desse grupo será assessorar a bancada tucana que se prepara, segundo José Aníbal, presidente do PSDB, para fazer "oposição consistente".
"Estamos preparando toda uma estrutura no partido para fazer acompanhamento [do governo Lula]. Não vamos apenas nos posicionar em relação à agenda que eles estão propondo, como vamos propor agenda também", disse ontem Aníbal, após a cerimônia de lançamento da Semana Sérgio Motta, o ex-ministro das Comunicações morto em 1998.
O primeiro trabalho desse grupo será um documento analisando o programa Fome Zero, que deverá ser o principal investimento social no primeiro ano de governo do petista. O documento será divulgado pela equipe tucana no próximo dia 5, em Brasília.
"Vamos ser uma oposição consistente, qualificada, procurando colaborar com o debate que o parlamento terá de fazer", diz. Aníbal ressaltou que o PSDB não hesitará em apoiar as propostas do novo governo se elas estiverem de acordo com a linha do partido.
O grupo, que contará com biblioteca virtual e centro de informática, vai acompanhar de perto as propostas do governo para as reformas trabalhista, fiscal e previdenciária, informou Aníbal.
A decisão de colocar essa "equipe de fiscalização" no Congresso foi para municiar os deputados com informações técnicas para que eles possam contestar ou aceitar as propostas do PT baseados em argumentos consistentes.
O primeiro nome que comporá a equipe, a partir do dia 2 de janeiro, é José Lucena, atual secretário particular de FHC. Ele é especialista em legislação partidária e será o consultor da reforma política.
A avaliação do PSDB é que as propostas apresentadas preliminarmente pelo PT "têm muita identidade" e "convergência" com o que vinha sendo proposto pelo PSDB. Como exemplo, Aníbal citou a idéia de unificar a contribuição previdenciária de funcionários públicos e empregados da iniciativa privada. "Sempre defendemos isso", afirmou ele.
Aníbal disse que as cinco reformas citadas por Lula como prioritárias (tributária, previdenciária, trabalhista, sindical e política) fizeram parte da agenda do PSDB. "Ouvimos aquilo [as reformas propostas] de forma muito positiva. Elas estavam na nossa agenda e tentamos trabalhar."
O tucano disse que o governo fez as reformas "possíveis", embora admita que não tenham sido suficientes. Ele acredita que será mais fácil aprovar as reformas, agora com o PT no governo.
Para Aníbal, a "adesão" do PT a idéia de unir a previdência facilitará a votação no Congresso.
Em relação à Reforma Tributária, Aníbal afirmou que, embora necessária, ela não deverá ser aprovada em um "curto espaço de tempo". "Faz meses que discutimos a redução do efeito cascata e ainda sequer conseguimos votar, imagina uma mudança mais substantiva", disse o tucano.
Em 1989, quando perdeu as eleições para o ex-presidente Fernando Collor de Mello, Lula, então deputado federal, anunciou em na sua primeira coletiva após as eleições, a criação de um "governo paralelo" para monitorar a administração federal. O "governo paralelo" foi instalado em Brasília no dia 17 de julho de 1990, com 16 "ministros".


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