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SEGURANÇA ALIMENTAR
Petistas, no entanto, aceitam diálogo com americanos sobre o tema; MST diz que é "oportunismo"
PT e MST condenam lobby por transgênicos
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
Lideranças do PT e do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) criticaram o
lobby feito pelos EUA e por companhias americanas de biotecnologia para a liberação da produção de transgênicos no Brasil
aproveitando o debate sobre a fome, como mostrou reportagem
publicada ontem pela Folha.
Petistas argumentam que não se
pode abrir mão da ética em nome
do combate à fome, embora se
mostrem abertos ao diálogo sobre
o tema. Para os sem-terra, é
"oportunismo" e um "golpe" associar a luta contra a fome à liberação dos transgênicos -organismos com genes vindos de outra espécie, visando maior produtividade e economia. Seus oponentes dizem que podem causar
danos à saúde e ao ambiente.
"É preciso que a engenharia genética busque soluções e não apenas defenda o lucro das empresas.
O combate à fome não pode servir
de argumento para o "vale-tudo".
Temos de ter cuidado para prevenir os oportunistas que só pensam em lucro", afirmou o governador do Acre, Jorge Viana (PT).
Para a senadora Marina Silva
(PT-AC), é "ingênuo" tratar os
transgênicos como a "tábua de
salvação" para a fome.
"Não é uma questão ideológica,
dogmática. Se as empresas têm
interesse, tem de ser acompanhado de preocupações sociais. É preciso que se façam experimentos
baseados na realidade brasileira.
A sociedade tem o direito de se
prevenir", afirmou.
A senadora, cotada para assumir a pasta do Meio Ambiente, é
autora de um projeto visando
proibir a comercialização de
transgênicos por três anos, até se
provar que eles não representam
danos à saúde e ao ambiente.
Para o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), "o apoio de empresas
americanas ao combate à fome
não deve ser a contrapartida de
abrirmos a entrada do que possa
causar problemas à saúde dos
brasileiros e ao ambiente".
"A questão deve ser discutida,
mas isso não tem nenhuma relação com o combate à fome", afirmou o senador eleito Cristovam
Buarque (PT-DF).
Líderes do MST -que já patrocinou a destruição de plantações
de transgênicos no país- dizem
que a liberação dessas sementes
pode até agravar o problema da
fome, por se basear em um modelo "concentrador de renda".
"A liberação dos transgênicos
iria garantir monopólio da comercialização das sementes a apenas duas ou três empresas, prejudicando o pequeno agricultor e
promovendo a concentração de
renda", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional.
"Se as multinacionais quiserem
ajudar o Brasil a combater a fome,
serão bem-vindas. Mas é oportunismo e golpe associar isso à liberação dos transgênicos", disse ele.
Outro líder nacional do MST,
Jaime Amorim, de Pernambuco,
diz que o governo Lula sofrerá
pressões e terá de "assumir uma
posição". "É impossível atender a
todos os interesses. O projeto
principal de combate à fome tem
de estar baseado em pequenos
agricultores produzindo para o
mercado local", afirmou.
(CLÁUDIA CROITOR, GABRIELA ATHIAS, FLÁVIA SANCHES E MAURO ALBANO)
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