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CASO BANESTADO
Relator José Mentor (PT) e Antero Paes de Barros (PSDB) fazem mea-culpa e fixam fim dos trabalhos para dezembro
CPI admite falhas e acelera relatório final
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Banestado aprovou
ontem um cronograma para a
conclusão dos trabalhos ainda
neste ano. Diante da descrença
dos deputados e senadores em resultados consistentes, o presidente da comissão, senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT), e o
relator, deputado José Mentor
(PT-SP), fizeram um mea-culpa,
reconhecendo falhas no processo.
Criada para investigar evasão de
divisas por meio de contas CC-5, a
CPI foi marcada por uma guerra
política, troca de acusações, vazamento de informações, procedimentos irregulares e denúncias de
chantagem. Esses escândalos precipitaram o fim da comissão, que
poderia ser prorrogada para o
próximo ano.
"Somos humanos, a CPI teve
muitos erros, mas é preciso que a
gente não adote a prática da infalibilidade. Não tenho dúvidas que
enormes serviços foram prestados. Sem a CPI não haveria Operação Farol da Colina, prisão de
doleiros, autuações do Banco
Central", disse Paes de Barros.
Segundo o presidente da CPI, o
fato de não haver tempo para ouvir todas as pessoas necessárias
para a investigação não comprometerá o relatório. "Não existem
somente provas testemunhais, há
também as documentais."
Ao mesmo tempo em que tentou aplacar o descontentamento
dos integrantes da CPI, Mentor
tentou diminuir as expectativas
em torno do relatório final. "Temos que ter um pouquinho de
cautela nesse final. Eu reconheço
que talvez as diligências pudessem ter sido melhor trabalhadas",
disse. De acordo com ele, "a CPI
pode fazer uma peça importante
para o país, mas ninguém aqui
nunca teve a pretensão de concluir tudo o que foi investigado".
Segundo o cronograma aprovado ontem, o relatório final será
apresentado no dia 7 e votado a
partir do dia 14. Antes, será feita
uma diligência em São Paulo e enviada uma carta rogatória ao Uruguai para tentar ouvir José Arcanjo Ribeiro, o comendador.
Senadores e deputados que integram a comissão reclamaram
da centralização de informações
nas mãos de Mentor e Paes de
Barros, o que teria deixado os demais à margem das investigações.
O senador Pedro Simon
(PMDB-RS) acusou o governo de
montar esquema para desmoralizar o instrumento das CPIs. "Estamos fazendo papel de bobo da
corte. A CPI era para investigar
bilhões de dólares e ficamos falando sozinhos. Eu não sirvo para
bobo. Acho que há condições de
fazer algo, enviando documentos
para o Ministério Público e para a
Polícia Federal nos ajudar."
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