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Lula compara Palocci a Ronaldinho
PEDRO DIAS LEITE
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na sua segunda entrevista a
emissoras de rádio neste mês, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ter ficado "chateado" com a disputa pública entre
os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Antônio Palocci, apesar
de ter voltado a elogiar seu titular
da Fazenda, comparando-o dessa
vez a Ronaldinho, do Barcelona,
eleito no ano passado o melhor
jogador de futebol do mundo.
O novo afago é o terceiro feito
nos últimos dias a Palocci, "que
nunca levanta a voz" e seria "calculista", na avaliação de Lula. O
ministro chegou a pedir demissão
na semana passada por considerar que estava desprestigiado na
disputa com Dilma, que defende
mais gastos federais em investimentos.
"Sabe, mexer no Palocci é a
mesma coisa que pedir para o
Barcelona tirar o Ronaldinho. [...]
Deixa ele jogando, ele está bem.
De vez em quando, o Ronaldinho
perde um gol, de vez em quando,
o Palocci pode dizer alguma coisa
que alguém não goste, mas isso
faz parte da vida", comparou.
Sobre as divergências entre os
ministros, Lula afirmou não acreditar que Dilma dê "cacetada" no
colega, mas disse preferir que o
debate fosse reservado. "De vez
em quando fico chateado, porque
eu gostaria que a divergência se
desse numa mesa como esta."
Afirmou ainda que não pode
"cercear" divergências.
A entrevista de ontem foi concedida no Palácio do Planalto a quatro apresentadores de programas
de rádios populares de São Paulo
e Rio de Janeiro com audiência
elevada.
Os paulistas foram Paulo Barbosa, da rádio Capital AM (SP),
que é ouvido por 149 mil pessoas
por minuto, e Gil Gomes, da Tupi
AM (SP), que conta com 46,5 mil
ouvintes por minuto. Já os apresentadores do Rio foram Antônio
Carlos, da rádio Globo AM (RJ),
com 307 mil ouvintes por minuto,
e Roberto Canázio, da Tupi AM
(RJ), ouvido por 283 mil pessoas
por minuto, sempre segundo o
Ibope -em medição realizada
entre os meses de agosto e outubro de 2005, com número de ouvintes referentes a primeira hora
dos programas.
Sobre eleições de 2006, Lula, que
já havia qualificado de "lapso" ter
dito na última semana que é candidato, ontem considerou a fala
"um erro". Atribuiu sua queda
nas pesquisas ao "bombardeio"
que tem sofrido desde junho.
Palocci
Sobre o ministro da Fazenda,
Lula disse que "é um homem de
uma competência acima da média das pessoas que já passaram
pela Fazenda" E emendou: "Ele
não fica sensível às teses e teses
que são debatidas. Eu conheço o
Palocci há muitos anos, ele é um
homem calculista. Você nunca
ouviu o Palocci levantar a voz",
disse, ao responder a uma pergunta de Antônio Carlos.
O presidente disse que errou na
outra entrevista a rádios, quando
assumiu ser candidato à reeleição.
"Cometi um erro aqui, aquele dia,
não tinha entendido que tinha falado que era candidato, porque
não tenho falado para minha mulher, não tenho falado para meus
filhos."
Ele jogou a responsabilidade sobre os outros: "Não tenho de decidir agora se sou candidato ou não,
quem tem de decidir isso são
meus adversários, que estão dando trombada aí, xingando e ficando nervosos e... não tenho razão
para isso".
Sobre a queda na popularidade,
ele disse que ainda não viu o levantamento, feito pela CNT/Sensus, que mostrou aumento de
mais de sete pontos na rejeição ao
seu nome (46,7%). "A pergunta
que eu faço é a seguinte: que presidente resistiria ao bombardeio
que estou sofrendo desde junho?
Estou dizendo isso para mostrar
que houve momentos, nesses últimos tempos, em que notícia boa
não era pública", afirmou, em
mais uma cutucada à imprensa.
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