São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 2005

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Lula compara Palocci a Ronaldinho

PEDRO DIAS LEITE
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na sua segunda entrevista a emissoras de rádio neste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ter ficado "chateado" com a disputa pública entre os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Antônio Palocci, apesar de ter voltado a elogiar seu titular da Fazenda, comparando-o dessa vez a Ronaldinho, do Barcelona, eleito no ano passado o melhor jogador de futebol do mundo.
O novo afago é o terceiro feito nos últimos dias a Palocci, "que nunca levanta a voz" e seria "calculista", na avaliação de Lula. O ministro chegou a pedir demissão na semana passada por considerar que estava desprestigiado na disputa com Dilma, que defende mais gastos federais em investimentos.
"Sabe, mexer no Palocci é a mesma coisa que pedir para o Barcelona tirar o Ronaldinho. [...] Deixa ele jogando, ele está bem. De vez em quando, o Ronaldinho perde um gol, de vez em quando, o Palocci pode dizer alguma coisa que alguém não goste, mas isso faz parte da vida", comparou.
Sobre as divergências entre os ministros, Lula afirmou não acreditar que Dilma dê "cacetada" no colega, mas disse preferir que o debate fosse reservado. "De vez em quando fico chateado, porque eu gostaria que a divergência se desse numa mesa como esta." Afirmou ainda que não pode "cercear" divergências.
A entrevista de ontem foi concedida no Palácio do Planalto a quatro apresentadores de programas de rádios populares de São Paulo e Rio de Janeiro com audiência elevada.
Os paulistas foram Paulo Barbosa, da rádio Capital AM (SP), que é ouvido por 149 mil pessoas por minuto, e Gil Gomes, da Tupi AM (SP), que conta com 46,5 mil ouvintes por minuto. Já os apresentadores do Rio foram Antônio Carlos, da rádio Globo AM (RJ), com 307 mil ouvintes por minuto, e Roberto Canázio, da Tupi AM (RJ), ouvido por 283 mil pessoas por minuto, sempre segundo o Ibope -em medição realizada entre os meses de agosto e outubro de 2005, com número de ouvintes referentes a primeira hora dos programas.
Sobre eleições de 2006, Lula, que já havia qualificado de "lapso" ter dito na última semana que é candidato, ontem considerou a fala "um erro". Atribuiu sua queda nas pesquisas ao "bombardeio" que tem sofrido desde junho.

Palocci
Sobre o ministro da Fazenda, Lula disse que "é um homem de uma competência acima da média das pessoas que já passaram pela Fazenda" E emendou: "Ele não fica sensível às teses e teses que são debatidas. Eu conheço o Palocci há muitos anos, ele é um homem calculista. Você nunca ouviu o Palocci levantar a voz", disse, ao responder a uma pergunta de Antônio Carlos.
O presidente disse que errou na outra entrevista a rádios, quando assumiu ser candidato à reeleição. "Cometi um erro aqui, aquele dia, não tinha entendido que tinha falado que era candidato, porque não tenho falado para minha mulher, não tenho falado para meus filhos."
Ele jogou a responsabilidade sobre os outros: "Não tenho de decidir agora se sou candidato ou não, quem tem de decidir isso são meus adversários, que estão dando trombada aí, xingando e ficando nervosos e... não tenho razão para isso".
Sobre a queda na popularidade, ele disse que ainda não viu o levantamento, feito pela CNT/Sensus, que mostrou aumento de mais de sete pontos na rejeição ao seu nome (46,7%). "A pergunta que eu faço é a seguinte: que presidente resistiria ao bombardeio que estou sofrendo desde junho? Estou dizendo isso para mostrar que houve momentos, nesses últimos tempos, em que notícia boa não era pública", afirmou, em mais uma cutucada à imprensa.


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