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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Presidente promete que elas acabarão até abril; Nelson Machado (Previdência) diz poder apenas reduzi-las para que deixem de ser "inumanas"
Ministro contradiz Lula sobre filas do INSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ter assumido
ontem o compromisso de acabar
com as filas nos postos do INSS
até abril de 2006, o ministro Nelson Machado (Previdência) disse
que não há como eliminá-las. Segundo ele, somente as filas "inumanas" e "anormais" vão acabar.
A saia justa ocorreu em entrevista a rádios do Rio de Janeiro e
de São Paulo. Lula convidou Machado e declarou: "Agora, nós podemos afirmar que vamos terminar com a fila do INSS [Instituto
Nacional do Seguro Social]".
O ministro, porém, não assumiu o compromisso . "Nós vamos
melhorar a partir de fevereiro,
presidente. Acabar com a fila de
uma vez é muito difícil", afirmou.
Depois, Lula interveio: "O Nelson
está tomando a minha entrevista.
Agora, Nelson, você pára por aí,
que eu sou o entrevistado aqui".
Mais tarde, Machado tentou reparar o estrago. "A missão que o
presidente me deu é a de acabar
com a fila, mas essa fila inumana
em que as pessoas têm que ficar
quatro, cinco, seis, oito horas esperando e, às vezes, não têm a segurança de serem atendidas. Com
essa nós vamos acabar até abril."
Para ele, filas "normais" são aquelas em que a pessoa espera entre
45 minutos e uma hora e meia.
Machado afirmou que várias
medidas estão sendo tomadas na
Previdência para melhorar o
atendimento. Segundo ele, computadores estão sendo comprados para substituir os usados
atualmente nas agências e na DataPrev (empresa estatal de processamento de dados que presta
serviços para a Previdência).
"Mensalão" e Celso Daniel
Lula negou novamente que soubesse do "mensalão". "Só tem três
possibilidades de um presidente
saber: se ele participou da reunião, se alguém que participou
contou para ele, ou se a imprensa
denunciar", afirmou.
Na opinião de Lula, martelou-se
tanto "na cabeça do povo brasileiro" que o "mensalão" existia que
"isso virou refrão de música de
Carnaval, isso está no inconsciente da sociedade brasileira".
O presidente afirmou que o assassinato de Celso Daniel, prefeito
de Santo André, foi um "acidente
de percurso".
Para ele, a tese de crime político
é motivada por razões eleitorais.
"Lamentavelmente, uma parte do
Ministério Público de São Paulo,
toda vez que vai chegando a eleição, levanta esse caso."
O procurador-geral do Estado
de São Paulo, Rodrigo Pinho, e o
promotor Roberto Wider Filho,
da Promotoria Criminal de Santo
André, negaram que o Ministério
Público faça uso político das investigações sobre a morte.
Pinho e Wider Filho afirmaram
existirem indícios suficientes da
participação do segurança de Daniel Sérgio Gomes da Silva no crime. Como prova para tal, citaram
o fato de três instâncias da Justiça
terem ratificado a prisão preventiva de Gomes da Silva, que só foi
revogada por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, que não julgou
o mérito, apenas considerou não
haver ameaça ao processo caso ele
permanecesse em liberdade.
Wider afirma que a denúncia
contra Gomes da Silva foi feita em
2003, que não era ano eleitoral.
(JULIANNA SOFIA E PEDRO DIAS LEITE)
Colaborou RODRIGO RÖTZSCH, da
Redação
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