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PT quer "abafar" escândalos para evitar embaraço a Lula
Reunião prévia do partido tenta limpar a pauta de encontro hoje com o presidente
Petistas decidiram antecipar o congresso do partido para julho; com isso, a nova direção pode ser eleita já no fim do ano que vem
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa demonstração de
apoio à política de aliança do
governo Lula, as principais correntes do PT redigiram ontem
um documento em que saúdam
os dirigentes e filiados do
PMDB, PDT, PV, PCB e PSOL.
Segundo o documento, a ser
entregue ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o segundo
mandato será "caracterizado
como o governo de coalizão,
reunindo as forças que construíram a vitória."
No documento, o partido deixa clara, no entanto, a disposição de manter espaço no governo ao rechaçar a "tese de despetização" do governo. Segundo o
documento, a tese é levantada
de "forma insidiosa".
Disposto a conferir um clima
de festa, o comando do PT trabalhou, até o fim da noite de ontem, para debelar crises que
impusessem embaraços a Lula
hoje na reunião do Diretório
Nacional do partido, em São
Paulo. Ontem, um dos problemas inesperados foi o desembarque do líder do MLST (Movimento de Libertação dos
Sem-Terra), Bruno Maranhão,
em São Paulo para participar
do encontro.
Preso após promover quebra-quebra na Câmara dos Deputados em Brasília, Maranhão
é membro do Diretório. Mas,
para evitar desconforto, o comando do partido pediu que ele
não comparecesse à reunião.
Só que seus aliados, da corrente Brasil Socialista, ameaçaram questionar a presença de
parlamentares acusados de envolvimento no esquema do
mensalão, caso fosse impedido
de participar.
Até o início da noite de ontem, Maranhão avisava que estaria na reunião do partido.
Esse não foi o único obstáculo enfrentado nos últimos dias.
Para evitar mal-estar, foi necessária a costura de um acordo
pelo qual integrantes do antigo
comando majoritário desistissem de defender o retorno de
Ricardo Berzoini, licenciado
após a explosão do escândalo
de compra de dossiê contra tucanos, para a presidência do
partido. Embora afirme que
voltará após a conclusão da investigação, ele assegurou a petistas que não pretende liderar
qualquer movimento para que
reassumisse o cargo hoje.
Também ficou acertada a antecipação do 3º Congresso do
partido, previsto para 2008, para os dias 4, 5 e 6 de julho. Como
o congresso ficará encarregado
de fixar a data das novas eleições internas do partido, há,
para petistas, um tendência de
antecipação em três anos do
processo. Com isso, a nova direção do PT seria eleita já no
fim de 2007. Ontem, num encontro do extinto campo majoritário, o presidente do PT,
Marco Aurélio Garcia, defendeu a renovação do comando.
Em troca, as principais correntes - Articulação de Esquerda, Democracia Socialista
e Movimento PT - deixariam a
crise ética de fora da pauta do
encontro. "Esse assunto não
está na pauta", afirmou Joaquim Soriano, líder da DS.
Integrante do Movimento
PT, a deputada federal Maria
do Rosário resume: "O PT não
pode ficar parado em questões
internas. Resolvemos separar
esses temas que dizem respeito
à comissão de ética para fazer o
debate político", afirmou ela.
Para o secretário de Relações
Internacionais, Valter Pomar,
"o prioritário é comemorar a
vitória e trabalhar pelo sucesso
do segundo mandato".
Pelo acordo, os temas mais
ásperos só voltariam a ser abordados no congresso e os petistas não falariam de cargos. Mas
o esforço não impedirá que integrantes do Movimento PT
explicitem uma luta por maior
espaço dentro do governo. Petistas também duvidavam que
ninguém fosse abordar questões éticas. "Mas estamos muito unidos", disse Soriano.
Outro temor ontem foi a divulgação de um documento da
Articulação de Esquerda. Com
críticas ao governo, o texto servirá de base para a discussão interna da tendência.
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