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Gabeira quer saída de petista da CPI após reunião com envolvidos no caso dossiê
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) defendeu
ontem que a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), se
afaste da CPI dos Sanguessugas. O sub-relator da comissão
para o caso do dossiê antitucano disse ter considerado "delicada" a notícia de que a senadora se reuniu com dois ex-petistas investigados no episódio.
O encontro ocorreu em 4 de
setembro, 11 dias antes do estouro do escândalo, quando
Ideli e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), então candidato ao governo de São Paulo,
receberam Expedito Veloso e
Oswaldo Bargas, dois ex-petistas envolvidos na tentativa
frustrada de compra do dossiê
contra políticos do PSDB.
"O ideal é que ela se afaste
das investigações. Como uma
pessoa pode investigar uma
coisa da qual participou. Além
disso, não informou isso aos demais membros da CPI", disse.
Foi justamente em resposta a
uma pergunta de Ideli que Veloso disse à CPI, na quarta, que
tentou adquirir o dossiê porque
tinha informações de que a família Vedoin, chefe do esquema dos sanguessugas, teria quitado dívidas da campanha de
José Serra (PSDB), em 2002.
Em nenhum momento durante os depoimentos a reunião
com os dois foi lembrada.
O encontro entre os senadores e os ex-petistas consta do
depoimento de Mercadante dado anteontem à PF. Ele afirma
que Veloso e Bargas queriam
orientá-lo sobre como tornar
pública a suspeita de envolvimento dos tucanos com os sanguessugas. O principal alvo seria Serra, então adversário de
Mercadante. O petista disse
que recusou a proposta.
Ideli confirmou o encontro e
disse à Folha que também recusou fazer uso das informações que Veloso e Bargas afirmavam ter. Os dois senadores
negam que os ex-petistas tenham dito, na ocasião, que negociavam a aquisição de um
dossiê com Vedoin. "Em um
processo de investigação como
é o caso das CPIs, é rotineiro a
gente receber esse tipo de contato", disse Ideli. Sobre a proposta de Gabeira, afirmou que
"só pode ser brincadeira".
Gabeira também disse ver
um possível elo entre o caso do
dossiê e a prisão anteontem do
deputado federal eleito pelo PT
Juvenil Alves (MG). "O preso é
especialista em montar empresas fora do país e conhece os
mecanismos de enviar e trazer
dinheiro para o Brasil."
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