São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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PF tira Protógenes da divisão de Inteligência

Ao retornar ontem ao trabalho, delegado foi informado de que foi colocado à disposição do setor de recursos humanos

Policial concluiu o curso de especialização; se ele for aprovado, virará delegado especial, cargo máximo da carreira na Polícia Federal


LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De volta à Polícia Federal mais de quatro meses após deixar o comando da Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz foi informado ontem pelo diretor de Inteligência da PF, Daniel Lorenz, que será desligado da divisão.
Protógenes ficará à disposição, segundo informação oficial da PF, da Diretoria de Gestão de Pessoal. É a área de recursos humanos da polícia que vai definir seu futuro. Segundo a PF, será feita uma análise do setor mais deficiente do órgão em termos de pessoal para definir a nova área para o investigador.
A Diretoria de Inteligência é uma das áreas mais importantes da PF e responsável pelas principais operações.
No início da tarde, o delegado disse à Folha que pediu licença de 15 dias para preparar sua defesa no inquérito conduzido pela Corregedoria da PF que o acusa de vazar dados da Operação Satiagraha à mídia. Disse ainda que, passados os 15 dias, retornaria à Diretoria de Inteligência. No início da noite, confrontado com a informação divulgada pela PF, afirmou que recebeu a notícia com naturalidade.
A Satiagraha prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, além do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Eles são suspeitos por vários crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Daniel Lorenz é um dos diretores da cúpula da PF que se indispôs com Protógenes. O mesmo ocorreu com outros diretores como Roberto Troncon e Paulo de Tarso Teixeira, como confirma a fita da reunião de 14 de julho que selou seu afastamento da Satiagraha.
No encontro, eles acusaram o delegado de conduzir uma investigação cheia de irregularidades e completamente fora do padrão, o que motivou seu afastamento do caso. Uma nova equipe, comandada pelo delegado Ricardo Saadi, foi destacada para assumir o caso.
Meses antes de ser deflagrada, Protógenes conduzia as investigações da Satiagraha lotado na Diretoria de Inteligência de Lorenz. Após a publicação da reportagem da Folha em abril que adiantou a operação, Protógenes discutiu com Lorenz, apurou a reportagem.
Isso porque, para o delegado, fora o diretor de Inteligência o responsável por vazar as informações. Lorenz nega. Depois do episódio, Lorenz retirou a investigação contra Dantas de sua área, sendo ela transferida à Diretoria de Combate ao Crime Organizado, chefiada por Troncon. Mas Protógenes continuou lotado na Inteligência.
Protógenes terminou o curso de especialização da Academia da PF. Se aprovado, ele virará delegado especial, cargo máximo da carreira na PF, com salário bruto de R$ 19.600. Ele havia dito há duas semanas que não iria concluir o curso porque sua tese havia sido levada quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no inquérito que apura o vazamento da Satiagraha. Ontem, ele disse que concluiu e defendeu a tese na semana passada. "Completei todo o curso e fui aprovado."


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