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Câmara vai apurar uso de verba em eleição
"É muita coisa para ser analisada, por isso não me peçam prazo", diz corregedor ACM Neto; cúpula da Casa acha difícil punir alguém
Corregedoria fará análise prévia dos casos e depois
vai ouvir as empresas e os
deputados, que já começam
a expor suas justificativas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O uso da verba indenizatória
por deputados para gastos de
campanha, revelado ontem pela Folha, também será investigado pela Corregedoria da Câmara, assim como o caso da
apresentação de notas fiscais
de empresas de fachada ou com
endereços fantasmas.
Ontem, o presidente Michel
Temer (PMDB-SP) definiu que
todas as acusações ligadas à
verba (adicional mensal de
R$ 15 mil para despesas exclusivas da atividade parlamentar)
seguirão para análise do corregedor ACM Neto (DEM-BA)
sem sofrer nenhuma triagem.
Mas, apesar de agilizar a
abertura de investigações, já há
na cúpula da Câmara o discurso de que será difícil punir alguém pelo mau uso da verba,
pois o grande número de casos
dificultaria a obtenção de provas contra os parlamentares.
Na questão dos gastos de
campanha, o caso considerado
mais grave é o do deputado
Fernando Gabeira (PV-RJ),
que gastou R$ 6.600 da verba
indenizatória para alugar o carro que usou na campanha à
Prefeitura do Rio em 2008.
O deputado do PV disse não
considerar incorreta a atitude
porque a Câmara permite o
aluguel de carros e porque ele
repassou um carro seu (um
Gol) para uso do gabinete.
ACM Neto disse que os trabalhos na Corregedoria não terão prazo. "Tenho apenas dois
servidores [na Corregedoria] e
o Temer deve me conceder
mais dois. É muita coisa para
ser analisada, por isso não me
peçam prazo." Para ele, é preciso separar o "joio do trigo".
O corregedor fará uma análise prévia dos casos e depois ouvirá as empresas e os deputados implicados. Numa segunda
fase, Neto pode optar por enviar casos ao Conselho de Ética, que se pronuncia sobre a
cassação ou não dos mandatos.
Explicações
Ontem, os deputados começaram a apresentar suas justificativas ao corregedor. A maioria argumenta que não tem como ter controle sobre as notas
fiscais apresentadas.
O deputado Zezéu Ribeiro
(PT-BA) entregou à Folha documentação que, segundo ele,
comprova que a Seven Promoções e Eventos prestou o serviço para a qual foi contratada
-criar e manter o site do deputado. Entre os papéis estão um
comprovante da empresa e
uma troca de e-mails sobre a
confecção do site.
No endereço informado pela
Seven à Receita Federal existe
outra empresa, de venda de
planos de saúde, que desconhece a existência da primeira.
Embora a Seven alegue prestar
serviços normalmente, as notas apresentadas pelo deputado têm numeração 1, 2 e 3, o
que indica serem as primeiras
emitidas por essa empresa.
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