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Voo de Lulinha custaria R$ 15 mil sem carona
Filho de Lula e mais 15 convidados pegaram carona no avião oficial da Presidência, em outubro, e foram para Brasília
Governo afirma que uso do Sucatinha para transportar os convidados do presidente é normal e que caronas em voo ajudam a economizar
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
O empresário Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente
Lula, e seus 15 acompanhantes
que viajaram de São Paulo a
Brasília de carona num avião da
FAB (Força Aérea Brasileira)
em 9 de outubro teriam de desembolsar no mínimo
R$ 15.098, ao todo, para fazer o
mesmo trajeto caso tivessem
viajado de primeira classe pela
TAM, pelos preços de ontem.
Na Gol, pagariam R$ 7.658 na
classe econômica.
Conforme a Folha publicou
ontem, Lulinha, como é conhecido, e os acompanhantes dele
viajaram com o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, na aeronave oficial (Sucatinha), um Boeing 737.
O avião, ocupado por militares, estava prestes a pousar em
Brasília quando teve de retornar a São Paulo para buscar
Meirelles -que solicitou a aeronave-, um assessor dele, Lulinha e convidados. Meirelles
disse que só no embarque soube que Lulinha e mais 15 pessoas viajariam com ele.
O Sucatinha, que havia iniciado a viagem em Gavião Peixoto (SP), pousou em Guarulhos às 19h e foi reabastecido.
Uma nova ordem ao comandante informou que os passageiros embarcariam no aeroporto de Congonhas.
Para ficar mais leve e novamente obter condições de pouso, o avião precisou gastar
3.000 kg de querosene sobrevoando São Paulo até descer
em Congonhas, às 21h30. A nova decolagem só ocorreu às 23h
e a chegada a Brasília, uma hora e 40 minutos depois.
A mudança de rotas da aeronave e o sobrevoo consumiram
cerca de 18 mil kg de querosene
de aviação, segundo um comandante de Boeing ouvido
pela Folha. Pela tabela da
Agência Nacional de Petróleo,
o trajeto custaria cerca de
R$ 15 mil em querosene -o
cálculo não inclui tributos, frete e margem de lucro das distribuidoras de combustível.
A Transparência Brasil, entidade dedicada ao combate à
corrupção no país, classificou a
viagem de Lulinha e amigos no
voo da FAB de "absurda".
A Presidência da República
disse que os passageiros eram
convidados de Lula e que "é
normal" oferecer transporte
pelas aeronaves que servem a
Presidência. Apesar de a aeronave ter retornado a São Paulo
quando quase pousava em Brasília, o governo nega ter havido
mudança de itinerário.
A lista de passageiros não foi
divulgada porque se trata de
convidados do presidente e é
"reservada". Segundo a assessoria, há recomendação do próprio Lula para que sejam aproveitados voos em deslocamento ou que estejam transportando autoridades do governo como forma de fazer economia.
Procurada pela reportagem,
a assessoria da produtora Gamecorp, da qual Lulinha é sócio, disse que ele não foi localizado. A FAB não quis se manifestar sobre os gastos com o Sucatinha. Em Porto Alegre, o ministro Nelson Jobim (Defesa)
disse que não há ilegalidade na
carona dada ao filho de Lula.
Colaboraram GRACILIANO ROCHA , da Agência
Folha em Porto Alegre, e a Sucursal de Brasília
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