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REPERCUSSÃO
Para diretor da entidade, saída de Mendonça de Barros, que estava cotado para o cargo, foi um "acidente"
Fiesp defende criação de novo ministério
da Reportagem Local
O empresário
Roberto Nicolau
Jeha, diretor de
política industrial da Fiesp
(Federação das
Indústrias do
Estado de São
Paulo), afirmou ontem que a criação do Ministério da Produção depende da substituição da atual
"vertente neoliberal e monetarista" do governo por uma filosofia
"social-democrata".
"O segundo mandado do presidente Fernando Henrique Cardoso deve ser mais do PSDB do que
do PFL. Se prevalecer o neoliberalismo dos juros altos, do câmbio
baixo e da política fiscal que tira a
competitividade da indústria, não
haverá espaço para um ministério
como esse", disse, referindo-se à
defesa, pelo PFL, da atual política
econômica do governo.
FHC reafirmou anteontem, na
Venezuela, que pretende dar continuidade aos planos de criação do
novo ministério.
Na avaliação do empresário, a
pasta deverá ter sob sua administração órgãos como o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco
do Brasil e agências de fomento.
Segundo ele, uma das principais
finalidades do ministério deverá
ser a concessão de linhas de financiamento com prazos e taxas de juros que permitam isonomia de
condições entre os setores produtivos nacionais e os estrangeiros.
Além disso, a pasta ficaria encarregada também do desenvolvimento da política de comércio exterior do Brasil, "desestimulando
as importações predatórias", e de
incentivos ao turismo interno.
"Não será um ministério salva-vidas, mas um instrumento para
auxiliar a organização de uma política industrial de inserção no
mundo e uma política de comércio
exterior agressiva."
²
Covas
Como forma de tentar garantir a
criação da nova pasta, Jeha defendeu a presença do governador reeleito de São Paulo, Mário Covas
(PSDB), como interlocutor dos setores produtivos de São Paulo com
o governo federal.
Embora ainda não tenha sido feito um convite para que o governador assuma a função, Jeha declarou que, "no momento oportuno",
a proposta será feita ao tucano pela
Fiesp e demais setores envolvidos
com a produção.
"Todos os que querem um país
melhor têm de fazer pressão para
ter o ministério e para que ele seja
forte. Devemos promover mobilizações políticas, um arco de alianças com a CUT (Central Única dos
Trabalhadores), Força Sindical,
Fiesp, Federações da Agricultura e
do Comércio. Ir a Brasília, conversar com deputados, senadores e
com a sociedade."
Jeha declarou que a demissão do
ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, até então um dos nomes mais cotados para o cargo,
não inviabiliza a criação da pasta.
"Foi um acidente de percurso. Temos de ir em frente, independentemente dos homens."
Em sua opinião, o ministro Paulo
Renato (Educação) seria um dos
possíveis nomes para ocupar a
função. "Ele é do PSDB, conhece o
problema da produção e tem feito
um bom trabalho na Educação."
²
Cargo do PSDB
O deputado eleito Emerson Kapaz (PSDB-SP) defendeu a indicação de alguém identificado com o
PSDB para o Ministério da Produção -como, por exemplo, um
"empresário referendado pelo
partido". Citou, como alguém que
se encaixa nesse perfil, o nome de
Paulo Cunha, do grupo Ultra.
Ele utilizou um argumento semelhante em relação ao BNDES
-para o qual, no entanto, está
sendo cotado o economista Rodolpho Tourinho, ligado ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"É preciso alguém que conheça o
setor empresarial a fundo", afirmou Kapaz, que foi secretário de
Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo.
O deputado eleito, que se encontrou ontem com FHC, junto com
outros parlamentares recém-eleitos do PSDB, lamentou a saída dos
irmãos Mendonça de Barros e de
Lara Resende do governo federal.
"Eles estavam preparando uma
política de financiamento diferenciado para a retomada do crescimento econômico", afirmou.
²
CNI
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fernando Bezerra, que é senador pelo
PMDB-RN, também saiu em defesa da criação do novo ministério.
"Se há uma unanimidade, hoje,
no Brasil, é a de que precisamos exportar mais, inclusive para gerarmos mais empregos", afirmou.
Ele também fez a defesa da forma
como Luiz Carlos Mendonça de
Barros e Lara Resende conduziram
o leilão do Sistema Telebrás, no
fim de julho.
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