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NO AR
Quem paga pelo crime
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Na madrugada de ontem, o
Jornal da Globo reproduziu,
quase sem edição, o "desabafo"
de FHC na Venezuela.
É bom, para variar, ter acesso
a alguma coisa que não tenha
antes passado por edição. Ao
contrário, por exemplo, das fitas do grampo -e seus longos e
estratégicos silêncios.
Sobre as três demissões, FHC
declarou:
- O Brasil perde. O governo
perde. E eu perco.
Ele tomou as demissões como
ataque pessoal e como ataque
ao poder do presidente recém-
reeleito. Mais à frente:
- A mim me indigna que
uma operação criminosa de escuta passe a ser instrumento.
Instrumento de alguém, ele
não diz quem, mas depois
acrescenta:
- Eu sou muito contra essa
questão de que o crime compensa, de que o crime ganhou.
Vocês verão com o tempo que,
comigo, quem praticou o crime
pagará. E quem está feliz por
causa do crime também pagará.
Um repórter questionou, de
pronto:
- O PMDB e o PFL, o senhor
quer dizer?
FHC não deu resposta. Não
identificou quem "está feliz"
com as demissões nem era preciso.
O pefelista ACM e o peemedebista Jáder Barbalho se explicavam, ontem na Globo, depois
das acusações de que trabalharam pelas demissões.
A Globo também registrou
que, para os demitidos, as fitas
editadas saíram do Congresso.
Ainda no capítulo "quem está feliz pagará", a manchete do
Jornal da Record, de Boris Casoy:
- Fernando Henrique defende uma ampla reforma política.
FHC, o pragmático, não parece capaz de vingança. Mas
talvez não seja caso de vingança -e sim de sobrevivência.
²
E-mail: nelsonsa@uol.com.br
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