São Paulo, quarta, 25 de novembro de 1998

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NO AR
Quem paga pelo crime

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Na madrugada de ontem, o Jornal da Globo reproduziu, quase sem edição, o "desabafo" de FHC na Venezuela.
É bom, para variar, ter acesso a alguma coisa que não tenha antes passado por edição. Ao contrário, por exemplo, das fitas do grampo -e seus longos e estratégicos silêncios.
Sobre as três demissões, FHC declarou:
- O Brasil perde. O governo perde. E eu perco.
Ele tomou as demissões como ataque pessoal e como ataque ao poder do presidente recém- reeleito. Mais à frente:
- A mim me indigna que uma operação criminosa de escuta passe a ser instrumento.
Instrumento de alguém, ele não diz quem, mas depois acrescenta:
- Eu sou muito contra essa questão de que o crime compensa, de que o crime ganhou. Vocês verão com o tempo que, comigo, quem praticou o crime pagará. E quem está feliz por causa do crime também pagará.
Um repórter questionou, de pronto:
- O PMDB e o PFL, o senhor quer dizer?
FHC não deu resposta. Não identificou quem "está feliz" com as demissões nem era preciso.

O pefelista ACM e o peemedebista Jáder Barbalho se explicavam, ontem na Globo, depois das acusações de que trabalharam pelas demissões.
A Globo também registrou que, para os demitidos, as fitas editadas saíram do Congresso.

Ainda no capítulo "quem está feliz pagará", a manchete do Jornal da Record, de Boris Casoy:
- Fernando Henrique defende uma ampla reforma política.
FHC, o pragmático, não parece capaz de vingança. Mas talvez não seja caso de vingança -e sim de sobrevivência.
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E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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