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AJUSTE FISCAL
Sindicalista prevê invasão de "lojas, fábricas e supermercados"
Vicentinho aponta risco de
convulsão social no Brasil
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis
O presidente da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem em Florianópolis que, no próximo ano, "nós
corremos o risco de ter convulsões sociais por todo o país".
"Do mesmo jeito que hoje se
ocupa terra, temo que o agravamento da crise, com o aumento
do desemprego e da miséria, leve o povo a ocupar fábricas, lojas
e supermercados", afirmou.
O presidente da CUT diz esperar que o presidente Fernando
Henrique Cardoso mude a política atual. "Se continuar, será
um desastre maior. Essa atual
política, que penaliza a produção e aumenta o desemprego, é
um desastre programado."
"É muito preocupante. O povo
está se indignando, há violência
nos bairros, os jovens estão desesperados e ainda há uma desesperança no futuro", afirmou.
Vicentinho participou ontem
de seminário promovido pela
CUT em Florianópolis e descartou a convocação de greves gerais contra o ajuste fiscal.
Disse que o movimento sindical está enfraquecido e não tem o
mesmo poder de antes para articular os trabalhadores para fazer
grandes protestos de rua.
Ele defendeu o envolvimento
do movimento sindical com os
movimentos sociais e com os
empresários para articular uma
política que defenda a produção.
"O desemprego enfraquece
claramente o movimento sindical, mas enfraquece, antes de tudo as instituições: as empresas, a
economia, o país", declarou.
Vicentinho defendeu ainda
uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar denúncias nos casos do "Dossiê
Caribe" e do grampo telefônico.
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