|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÍNDIOS
Agentes destroem quatro pistas de pouso usadas por garimpeiros na terra indígena Ianomâmi, na região amazônica
PF destrói pistas clandestinas em reserva
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Quatro pistas de pouso clandestinas usadas por garimpeiros que
atuam ilegalmente na terra indígena Ianomâmi, localizada nos
Estados de Roraima e Amazonas,
foram destruídas em uma operação conjunta entre a Funai, a Polícia Federal e o Ibama. A Operação
Ianomâmi teve início no dia 9 de
dezembro e foi encerrada ontem.
As pistas clandestinas eram usadas, segundo o governo, tanto para o escoamento do ouro retirado
ilegalmente de áreas indígenas como para abastecer os garimpeiros
com alimentos e combustíveis. A
estimativa da Funai (Fundação
Nacional do Índio) é que 200 homens trabalhem ilegalmente na
terra indígena. Nenhum garimpeiro foi preso na operação.
Segundo a delegada da Polícia
Federal Margareth Aydos Pujol,
as pistas tinham em média 400 m
de comprimento e cerca de 40 m
de largura. Elas foram localizadas
pela Funai com base em imagens
de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Segundo Manuel Tavares, um
dos coordenadores da operação e
chefe da Divisão de Assistência ao
Índio da Funai em Roraima, além
das pistas, foram destruídas as
plantações de subsistência dos garimpeiros e apreendidos equipamento de radiotelefonia usados
para comunicação com Boa Vista
(RR). Para o presidente da Funai,
Mércio Pereira Gomes, a operação teve resultado satisfatório.
"O balanço é positivo: destruímos quatro pistas em 15 dias de
trabalho intenso junto com a Polícia Federal", disse Gomes. Para
ele, a destruição das pistas é essencial para reduzir o acesso às
áreas de garimpo. Segundo Gomes, a presença de garimpeiros
degrada o ambiente e dissemina
doenças entre os índios.
Os garimpeiros também fornecem armas a grupos de índios,
provocando um desequilíbrio de
forças entre tribos rivais, o que facilita o acesso à terra dos derrotados. Segundo o presidente da Funai, os índios não participam da
extração do ouro, mas há uma
certa cumplicidade de alguns grupos com os garimpeiros. "É como
antigamente: o brasileiro dava
quinquilharias. Agora dá armas.
Mas é o mesmo sentido simbólico
de cooptação dos índios", disse.
A operação mobilizou 18 agentes da PF, 12 funcionários da Funai e quatro do Ibama. A terra indígena Ianomâmi ocupa 1,6 milhão de hectares e abriga 300 aldeia dos ianomâmi e ie'kuana. Só
em Roraima há 12 mil índios.
Texto Anterior: Caso Santo André: Promotoria de SP reage contra crítica de Marta Próximo Texto: Aldeia Global: Raoni propõe criar TV Indígena Índice
|